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Irlandesa boa de briga vem ao Brasil em busca do 2º ouro olímpico

Katie Taylor vai ao Rio como a maior boxeadora da atualidade

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Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

Um dos momentos mais eletrizantes dos Jogos Olímpicos de Londres-2012 foi a final do boxe feminino na categoria 60 quilos. Os dez mil espectadores na Excel Arena, em sua grande maioria irlandeses, cantaram freneticamente, vibraram a cada golpe, festejaram a vitória e a conquista da medalha de ouro de seu maior ídolo: a boxeadora Katie Taylor.

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Aos 29 anos, Katie, a mais nova entre quatro irmãos, começou no boxe aos 11 e jamais foi derrotada em um torneio internacional. Além do ouro olímpico, são cinco troféus em campeonatos mundiais e 12 em competições europeias.

"Minha fome por títulos é maior a cada conquista. Tenho muito a fazer e por isso não me iludo com as vitórias", afirma sempre simpática e com o sorriso estampado no rosto de adolescente.

Katie Taylor é grande esperança de ouro para a Irlanda Foto: Murad Sezer|Reuters

Seu estilo de lutar enlouquece os fãs. Com um preparo físico invejável, Katie não para de se movimentar um segundo durante os oito minutos de combate previstos – no boxe feminino, são quatro rounds de dois minutos. Sua variação de golpes, aliada a uma velocidade nos punhos impressionante, faz Katie dominar quase todos os rounds. Outra característica que surpreende a maioria das rivais é o contragolpe sempre muito bem colocado.

"Meu ídolo sempre foi Rocky Marciano (campeão mundial dos pesos pesados de 1952 a 1955). Ele é minha referência e a primeira lembrança que tenho do boxe. Gosto da forma que ele lutava. Sempre agressivo. Não tenho a mesma força, mas procuro sempre tomar a iniciativa do combate", diz Katie, que também admira a técnica de Sugar Ray Leonard – lenda dos anos 70, 80 e 90. No boxe atual, a irlandesa acompanha a todas as lutas e vídeos antigos do multicampeão filipino Manny Pacquiao. "Ele teve combates incríveis."

TREINO DURO Para aprimorar a parte física e técnica, Katie conta com o apoio total da família. Peter Taylor, o pai, não desgruda da filha na academia em Bray. Um detalhe importante nos treinos é que Katie só faz sparring com homens. Paddy Barnes, campeão europeu e bronze em Pequim-2008 e Londres-2012, é um dos parceiros. "A ordem é atacar Katie o tempo todo. Sabemos que um treino duro pode tornar a luta mais fácil. Por isso, ela não tem nenhum tipo de privilégio."

A mãe, Bridget, torce muito pela filha, claro, mas prefere ficar em casa. "Somos uma família ligada ao boxe, pensava que os meninos (Peter e Lee) fossem ser os melhores, mas Katie nos surpreendeu."

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Bray é uma cidade ao nível do mar, o que ajuda Katie nas corridas matinais, que tem início às 6 horas. Isso no verão. No inverno, o footing é transferido para o pequeno, mas aconchegante e equipado ginásio da Bray Academy, que fica próxima ao trilho do trem. Lá, das 11h às 13h, a melhor boxeadora do mundo na atualidade faz exercícios com os aparelhos de boxe.

Das 15h às 17h, Katie faz trabalhos com uma equipe de fisioterapeutas, que buscam melhorar sua postura e evitar lesões. Às 19h, começa o treino intenso de sparring de 60 minutos, quando Katie é exigida ao extremo. Todo esse planejamento é feito de segunda a sábado.

Katie Taylor levou o ouro na Olimpíada de Londres Foto: Murad Sezer|Reuters

COMO UM SHOW Os 30 mil habitantes de Bray, onde Katie nasceu e vive, vão em peregrinação acompanhar suas lutas por todo o mundo por intermédio dos telões que são instalados nos parques centrais. O clima é semelhante ao de um show de rock e seus golpes são acompanhados por gritos como se fosse um gol da seleção irlandesa. Aliás, o futebol é uma das paixões da lutadora.

Mas a fama de Katie já ultrapassou fronteiras. Em 2012, carregou a bandeira de seu país na abertura dos Jogos de Londres, além de ser eleita a personalidade do esporte.

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Tanto sucesso fez com que Katie se tornasse uma celebridade na Europa. Além das premiações e das ajudas mensais que recebe do Comitê Olímpico da Irlanda, a boxeadora tem contratos com nove patrocinadores. Faz comerciais para TV e posa em fotos para revistas e sites.

Em Londres, a Irlanda ganhou cinco medalhas. A única de ouro foi com Katie Taylor. Para o Rio, ela diz estar preparada para assumir a responsabilidade e repetir a dose. "Respeito todas as minhas adversárias. Demonstro isso ao treinar sete horas por dia, mas em cima do ringue não admito perder. Luto pelo meu país e vou levar mais um ouro para casa."

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