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No último dia da Olimpíada, estatal faz campanha e 'justifica' patrocínio

Governo foi responsável por garantir R$ 25 milhões para realização dos Jogos

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Por Jamil Chade
Atualização:

O plano de injeção de recursos federais para resgatar a Olimpíada já começou. Na cerimônia de encerramento dos Jogos, no último domingo, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) projetou no campo do Maracanã imagens de sua campanha de promoção no mercado internacional.

Foram apenas alguns minutos, mas o suficiente para justificar o patrocínio que a agência deu ao Comitê Rio-2016. No Maracanã, a projeção mostrava a campanha "Be Brazil" (Seja Brasil, em inglês), conseguindo fazer parte do tema da festa, sem que fosse dado conta de que se tratava de uma publicidade estatal.

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Além disso, nesta segunda-feira no Rio, a agência e o Ministério das Relações Exteriores lançam a nova estratégia de promoção das exportações e de atração de investimentos estrangeiros. O evento contará com a presença do ministro de Relações Exteriores, José Serra, do presidente da Apex-Brasil, Roberto Jaguaribe, e de outras autoridades do governo federal.

Na semana passada, o governo de Michel Temer anunciou que, junto com a prefeitura do Rio, daria R$250 milhões para garantir a realização dos eventos. Mas a chegada dos recursos passará por uma cuidadosa arquitetura. O Comitê Rio-2016 não quer o recebimento de dinheiro em espécie, evitando assim ter de prestar contas. Com patrocínios, portanto, a promessa de que não haveria dinheiro público seria oficialmente mantida. A Apex explicou que queria uma participação desde o início dos Jogos. Mas isso não ocorreu por conta de obstáculos legais.

O Ministério Público Federal suspeita que o Comitê Rio-2016 tentou dissimular recursos públicos em suas contas, fechando um acordo de patrocínio com a Apex dias antes do início dos Jogos. A suspeita dos procuradores é de que o contrato não seria de patrocínio, mas apenas um mecanismo para garantir dinheiro público no evento, o que estaria banido pela Justiça.

O dinheiro acordado numa primeira parcela seria de R$ 30 milhões. Mas a suspeita é de que a verba seria usada sem qualquer contrapartida real para a Apex. Com patrocínio, o Comitê Rio-2016 não precisaria ter suas contas avaliadas pelo Tribunal de Contas da União. Mas, se o contrato é apenas uma forma de dissimular novos recursos, isso implicaria maior fiscalização.

O contrato com a Apex foi fechado no dia 4 de agosto e supostamente para ter a agência estatal explorando sua marca na abertura dos Jogos. O MP suspeita de que não houve sequer tempo para garantir essa exploração. "Se houve essa simulação de contratos, poderia ser uma improbidade administrativa ", disse o procurador federal Leandro Mitidieri, que afirma não ter garantias de que outros contratos com estatais não estejam sendo desenhados da mesma forma.

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