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Ouro olímpico no Rio faz Thiago Braz dar um salto na carreira

Após conseguir sua melhor performance na carreira, brasileiro muda de patamar na modalidade

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Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior , Nathalia Garcia e enviados especiais ao Rio
Atualização:

A vida de Thiago Braz nunca mais será a mesma depois de 15 de agosto de 2016. Se antes passava um pouco despercebido pelo grande público, a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio faz o atleta de 22 anos dar um salto na carreira. Mas sua ascensão não é surpreendente, o caminho já dizia que era questão de tempo para o jovem mostrar seu talento ao mundo.

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Antes de atingir a marca de 6,03 metros - a sexta melhor de todos os tempos -, Thiago Braz já tinha sido o atleta a voar mais alto na América do Sul. Era o recordista sul-americano indoor, com 5,93m, e vinha de bons resultados nesta temporada. Em julho, registrou o quarto melhor salto da temporada (5,90m) na Alemanha e deixou claro que estava no páreo com os principais nomes do esporte, o francês Renaud Lavillenie, o norte-americano Sam Kendricks e o canadense Shawnacy Barber.

O garoto de Marília (SP) mostrou potencial pela primeira vez ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Cingapura, em 2010. Dois anos mais tarde, sagrou-se campeão mundial júnior no salto com vara e, com a marca 5,55m, conquistou também o recorde brasileiro juvenil. As primeiras honras vieram sob o comando de Elson Miranda, técnico e marido de Fabiana Murer. A atleta, que impulsionou o crescimento do salto com vara, era sua madrinha no esporte e uma inspiração.

Thiago Braz celebra vitória no salto com vara Foto: Diego Azubel/EFE

O grupo também contava com o auxílio do ucraniano Vitaly Petrov - mentor de dois recordistas mundiais: Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva. Em 2014, Petrov propôs que Thiago deixasse o Brasil e fosse treinar com ele em Fórmia, na Itália. O jovem acabou sendo o pivô da ruptura entre os dois técnicos e seguiu seu caminho rumo à Europa, onde encontrou um centro de treinamento equipado.

"Foi uma decisão minha morar na Itália. Eu queria treinar com o Vitaly, foi uma aposta que fiz e deu certo. Agradeço a todos os técnicos que me ajudaram, mas sem ele acredito que não seria campeão olímpico", exaltou Thiago.

Quando suas melhores marcas começaram a aparecer, Thiago sofreu uma lesão no punho esquerdo ao cair fora do colchão na etapa de Lausanne da Diamond League e teve de abandonar a temporada antes do fim. O retorno foi difícil e as dores acompanharam o atleta por um tempo.

Em 2015, Thiago Braz decepcionou em sua primeira participação nos Jogos Pan-Americanos. O atleta errou as suas três primeiras tentativas em Toronto, com o sarrafo na marca de 5,40 metros, e ficou fora da briga por medalha precocemente. Não procurou desculpas para justificar a eliminação e reconheceu que falhou na parte técnica. Soube dar a volta por cima.

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A infância também não foi fácil. Ele ficou dias com a mochila nas costas à espera da mãe, que nunca veio. Abandonado, foi criado pelos avós. E o tio foi o responsável pela entrada de Thiago Braz no esporte. "Comecei no atletismo por causa do meu tio, ele me levou para os treinamentos. Tentei jogar basquete, mas não era muito bom", recordou. O campeão olímpico começou a praticar salto com vara entre os 14 e 15 anos, no Clube dos Bancários de Marília.

O esporte também lhe deu alegrias na vida pessoal. Thiago é casado com Ana Paula Oliveira, do salto em altura, há quase dois anos. O casal se conheceu devido ao atletismo e é bastante religioso. Ele fala em nome de Deus e compartilha sua crença nas redes sociais. A fé de Thiago na vida e no atletismo está sendo recompensada.

Thiago Braz superou os traumas do passado para colocar seu nome na história. A medalha de ouro olímpica no salto com vara quebra um jejum de 32 anos no atletismo brasileiro. O País não ganhava um ouro entre os homens na modalidade desde Joaquim Cruz, nos 800 metros, em Los Angeles-1984. Em provas de campo, a conquista é ainda mais impressionante. É a primeira dourada do Brasil desde Adhemar Ferreira da Silva, em Melbourne-1956, no salto triplo.

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