Para atrair estrangeiros, COI diz que 'Rio está pronto' para a Olimpíada

Na última visita de inspeção na cidade, COI tenta tranquilizar público

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Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

Em um esforço para convencer atletas e estrangeiros sobre as boas condições dos Jogos de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) declarou que o "Rio está pronto para dar as boas-vindas ao mundo". Mas admite que uma série de trabalhos terão de ser concluídos nos próximos 25 dias.

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A declaração foi feita por Nawal el Moutawakel, presidente da Comissão de Coordenação dos Jogos, após encerrar sua última visita de inspeção na cidade. Ela, desde 2009, tem liderado os trabalhos e, em alguns momentos, cobrado resultados diante da demora em obras. Elogiando a paisagem carioca, ela insistiu que "não poderia imaginar um cenário mais espetacular para os atletas do mundo mostrar seus talentos".

Moutawakel, no mesmo tom usado pelo governo federal, fez questão de tranquilizar os estrangeiros. Insistindo no "calor do povo brasileiro", ela garantiu que o Rio "é o local para estar em agosto".

Cidade do Rio de Janeiro estará totalmente focada nos Jogos Olímpicos Foto: Divulgação

Cerca de 1,7 milhão de ingressos ainda não foram vendidos para os Jogos, faltando 25 dias. Apenas 23% das entradas foram compradas no exterior. Vários atletas também anunciaram nos últimos dias que desistiram de ir ao Rio, alegando preocupações com o vírus zika.

Não por acaso, em um comunicado, o COI insistiu no fato de que o "espírito brasileiro" começa a ganhar força e que os estrangeiros, além de ver grandes atletas, terão a chance de "experimentar o espírito olímpico ao estilo carioca na Barra e em Deodoro, ir à praia, descobrir a cidade e as pessoas".

A representante do COI diz que os 44 testes nas instalações esportivas foram um êxito, não mencionando as duras críticas realizadas por algumas federações, como a da ginástica e a do judô. "Os locais estão prontos para ação", indicou, apontando que as instalações estão recebendo os "retoques finais".

Apesar de dizer que o Rio está pronto, ela aponta que o velódromo e os locais de provas equestres estão "na fase final de preparação e estarão prontos para os Jogos".

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No que se refere à obras da Linha 4 do metrô, ela também garante que está "totalmente operacional" e que "entra nas fases finais de testes". Mas o sistema atenderá apenas os "espectadores dos Jogos". A linha 4 não atenderá, por enquanto, a população.

Quanto ao vírus zika, o COI aponta que o assunto voltou a ser debatido com as autoridades brasileiras. Mas a entidade toma por base a declaração da Organização Mundial da Saúde de que não existe motivo para não viajar ao Rio. As autoridades também apontaram ao comitê que o evento ocorrerá em um período do ano com menor concentração de mosquitos.

SEGURANÇA - Um dos pontos debatidos entre o COI e as autoridades foi a segurança do evento. "As autoridades brasileiras reforçaram seus compromissos por Jogos seguros", disse. Isso incluirá "uma força combinada de 85 mil homens garantindo a segurança da Vila Olímpica, das instalações esportivas e infraestrutura, como o aeroporto e as principais ruas". No total, agentes de segurança de 55 países estarão envolvidos na operação.

Com novos sistemas na baía de Guanabara e na Lagoa Rodrigo de Freitas, o COI indica que o tratamento tem mostrado eficiência e com análises mostrando uma melhor qualidade de água.

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"Nossa viagem está entrando em sua fase mais crítica: a operação dos Jogos", disse o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman. " Ainda temos muito trabalho. Mas temos energia", insistiu.

LEGADO - Moutawakel também garante que os Jogos deixarão um legado que "beneficiará os cidadãos por décadas". "O sucesso dos Jogos será o sucesso dessas pessoas".

Nawal ainda recebeu informações sobre o projeto de legado para a cidade, incluindo transporte, instalações esportivas que serão transformadas em escolas, cerca de 70 novos hotéis, melhor tratamento de lixo, treinamento e investimentos na cidade.

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Já o prefeito Eduardo Paes, em entrevista publicado neste segunda-feira no jornal The Guardian, admitiu que, diante das crises no Brasil, o evento no Rio é "uma oportunidade desperdiçada" para se mostrar ao mundo. "Com todas essas crises políticas e econômicas, com todos os escândalos, não é o melhor momento de estar no olhos do mundo", disse.

Segundo o jornal, depois de deixar a prefeitura do Rio, Paes irá passar seis meses nos Estados Unidos.