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Radiante apesar de 23º lugar, Yane exalta seu 'legado' no esporte brasileiro

Brasileira não conseguiu bons resultados na esgrima e teve azar com cavalo no hipismo

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Yane Marques não nega: era uma das esperanças de medalha dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Quem vê a classificação final dela no pentatlo moderno, o 23º lugar, pode achar que a medalhista de bronze em Londres-2012 saiu decepcionada com o resultado. Ledo engano. A pernambucana exalava alegria na zona mista. Parecia que havia acabado de deixar o pódio olímpico.

"Eu fiz meu melhor. A gente não sai com medalha materializada no metal, mas tenho um troféu, que eu levo para a vida inteira, que é uma vida dedicada ao esporte. Abri mão da minha família para estar aqui. Não tenho porque ficar triste. Tudo valeu a pena. Deixa elas serem medalhistas hoje. No pódio só cabe três", disse Yane, sem ligar muito para o resultado.

Yane Marques ficou na 23ª colocação no pentatlo moderno da Rio-2016 Foto: Flávio Florido/COB

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Ela, afinal, fez tudo que podia para conseguir um resultado melhor. Não que tenha dado certo. Na esgrima, na quinta, fez seu pior resultado internacional. "Não sei o que deu errado. Eu fiz tudo que eu sabia", argumentou.

No hipismo, foi sorteada para montar Harry Potter, um cavalo bom demais para o pentatlo. "Não estou acostumada com cavalo assim", contou, rindo. Ninguém estava, tanto que as campeãs olímpicas de Pequim-2008 e Londres-2012 foram eliminadas nesta etapa.

Na prova combinada de tiro e corrida, Yane entrou como 17ª colocada, precisando tirar uma diferença de 1min07s para a primeira colocada e de mais de meio minuto para chegar à terceira posição. "Eu sabia que não dava para brigar pela medalha", admitiu Yane, que, nem por isso, relaxou e curtiu as arquibancadas lotadas do Estádio de Deodoro para vê-la.

"A torcida me impulsionou muito. Eu fiz um bom combinado, apesar de não ganhar posições. Fiz minha melhor corrida. Fiz o melhor que eu podia fazer. Queria salvar minha honra. Eu ia lutar até o fim. Se tivesse mais 500 voltas, eu ia fazer."

Após três participações olímpicas, Yane não sabe se vai continuar no esporte para mais um ciclo. Vai disputar o Mundial Militar, no mês que vem, descansar, e voltar para uma temporada de teste em 2017. Se sentir que pode fazer bonito em Tóquio, vai continuar. Se não, se aposentará. "Vou, se eu for competitiva. Mas só para dizer que eu participei, para dizer que fui a quatro Olimpíadas? Já escrevi minha página na história. Estou realizada."

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O resultado ruim no Rio, afinal, não altera as páginas que Yane escreveu. Porta-bandeira do Brasil nesta Olimpíada, medalhista de bronze em um esporte sem nenhuma tradição no País. "Eu acho que o legado que eu deixei para esse esporte já valeu a pena. De a gente ter lotado isso aqui (o Estádio de Deodoro), para assistir isso aqui, o pentatlo, um esporte que até outro dia ninguém sabia o que era. Acho que isso ficou, isso tenho contribuição. E eu estou feliz, estou realizada. Tudo valeu a pena."

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