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Rafaela Silva ironiza racismo: 'É um preto que está dando alegria ao povo agora'

Judoca brasileira ganhou o primeiro ouro do país no Rio-2016

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

Ao participar do lançamento da campanha "Olimpíadas sem Racismo", do governo federal, nesta quarta-feira, a judoca Rafaela Silva, medalha de ouro nesta Olimpíada, comemorou a oportunidade de uma pessoa negra ser protagonista de boas notícias e relembrou o que aconteceu nos Jogos de Londres-2012, quando foi chamada de "macaca" depois de eliminada da competição.

"É bom mostrar para o povo que me criticou e disse que eu tinha que estar na jaula que o macaco saiu da jaula e foi campeão olímpico no Rio de Janeiro", disse.

Rafaela Silva conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada Foto: Marcos Arcoverde/ Estadão

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"É muito importante, porque não é sempre que a gente tem oportunidade de mostrar nosso trabalho. Geralmente quando se faz matéria (reportagem) é para falar que um preto assaltou alguém. Neste momento, não é um preto que está assaltando, mas está dando alegria ao povo brasileiro. É o momento de mostrar o que a gente tem de melhor", afirmou Rafaela em entrevista, ao lado do goleiro Aranha.

O jogador de futebol, atualmente na Ponte Preta, denunciou em 2014 caso em que foi vítima de racismo quando foi chamado de "macaco" durante jogo do Santos, seu time na época, contra o Grêmio, em Porto Alegre. Rafaela Silva também estava ao lado da secretária nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Luislinda Valois.

Rafaela lembrou as dificuldades da vida na favela da Cidade de Deus, onde vivia e começou a praticar judô. "A gente já cresce se superando dentro da comunidade, o esporte me ajudou, me salvou, eu canalizava minha agressividade para o esporte", contou.

Aranha disse que a primeira medida para enfrentar a desigualdade racial deve ser a igualdade de oportunidades. "A gente precisa de muitas referências, não só no esporte e no meio artístico. A gente tem referência no samba, na arte em geral, no esporte, mas não pode ficar limitado a isso. A gente pode estar na política, nas universidades, nos hospitais, não só como pacientes", afirmou.

A secretária lembrou que teve de entrar com uma ação contra o Tribunal de Justiça da Bahia para ser nomeada desembargadora. Ela se emocionou ao abraçar Rafaela, a quem pediu para chamar de filha. "Quero o povo preto no comando deste país, quero negros deputados, senadores, juízes, ministros. Estar ladeada desses dois expoentes negros me deixa muito feliz", afirmou. Questionada sobre a ausência de mulheres e negros no ministério do presidente em exercício Michel Temer, Luislinda disse que o momento do País é "melindroso" e deu uma resposta genérica. "O mundo é branco e machista."

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A cartilha preparada pela secretaria de Igualdade Racial, que começa a ser distribuída nesta sexta-feira, estimula as denúncias à polícia e à Justiça dos casos de racismo, cita situações em que se caracteriza a prática e destaca que se trata de crime inafiançável e que não é prescrito. O manual traz uma foto de Rafaela mordendo a medalha de ouro e sorrindo.

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