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Segundo New York Times, 'Rio-2016 já é uma catástrofe'

Jornal norte-americano lista razões para fracasso da Olimpíada

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Por Redação
Atualização:

Crise financeira, estado de calamidade pública, não finalização das obras para as competições e de infraestrutura, preocupação com surto de Zika vírus, violência e falta de informações para os turistas. Estes são alguns dos motivos listados pelo jornal norte-americano The New York Times nesta sexta-feira para declarar que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto, já são um fracasso. 

Segundo Vanessa Barbara, colaboradora do periódico e colunista do Estado, o Rio de Janeiro não está pronto para receber o evento. Em visita recente à cidade, a brasileira escreve que a próxima sede da Olimpíada "é um enorme canteiro de obras. Tijolos e encanamentos estão empilhados em todos os lugares; poucos preguiçosos trabalhadores puxam carrinhos de mão como se os Jogos estivessem agendados para 2017. Ninguém sabe no que as obras se transformarão, nem mesmo as pessoas trabalhando nelas". 

Vista aérea do Parque Olímpico no Rio de Janeiro Foto: Fábio Motta|Estadão

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Por falta de licença ambiental, a construção da arena do vôlei de praia em Copacabana teve de ser interrompida. Depois disso, a estrutura já erguida foi danificada pelas ondas. Hoje, "ela protege ladrões e turistas então sendo roubados atrás dela. Um trabalhador disse ter visto um homem ser esfaqueado por ali e me aconselhou a ficar longe". 

Mais do que os problemas estruturais, o Rio também enfrenta problemas políticos e administrativos. Segundo o jornal, muitas das obras não servirão tão bem à população após a realização da Olimpíada. "Seis estações foram feitas em uma linha de metrô que conecta a rica vizinhança à beira da praia com o Jardim Oceânico, uma parada perto do Parque Olímpico. Mas a maioria dos moradores do Rio preferiria ver a construção de uma linha diferente, que conectasse o centro da cidade aos municípios menos chiques de Niterói e São Gonçalo, onde muitos trabalhadores vivem, e que custaria metade do preço", detalha The New York Times.

Outro problema com as pessoas das classes mais pobres seria a falta de informações sobre desapropriações. Segundo dossiê do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, cerca de 4.120 pessoas foram realocadas em função dos Jogos. Ainda de acordo com o relatório, "em todos os casos, as retiradas aconteceram sem o acesso dos residentes a informações ou com a ausência de discussões públicas sobre os projetos de urbanização". 

Além da desapropriação de algumas casas, a cidade também enfrenta um processo de limpeza de moradores de rua. "Policiais os estão forçando para fora das calçadas e os arrastando para abrigos imundos para 'limpar' as ruas antes da chegada dos turistas. As remoções geralmente acontecem às três das manhã com a ajuda dos cães e até da cavalaria policial", descreve Barbara. 

Os Jogos Olímpicos de 2016 estão perto de fechar um longo ciclo de eventos internacionais na cidade, iniciado nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Na sequência, o Rio também sediou os Jogos Mundiais Militares de 2011, a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. Mesmo que ainda não estejam definidas as sedes, a capital carioca também deve receber algumas partidas da Copa América de 2019. 

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A violência não fica fora dos empecilhos para a realização dos Jogos no Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira, uma carreta que carregava equipamentos que seriam utilizados na Olimpíada por duas emissoras de televisão alemãs foi assaltada na Av. Brasil. No meio do último mês de junho, dois integrantes da delegação paralímpica australiana foram assaltados a mão armada. Em maio, ao lado de dois companheiros, o velejador espanhol e medalhista olímpico Fernando Echavarri foi roubado por cinco jovens armados no Rio.

Nº 1 do ranking mundial de golfe,Jason Day decidiu não competir na Olimpíada Foto: AP

Outra grande preocupação que parece ameaçar o maior evento esportivo do mundo é o surto de Zika vírus no Estado. A disputa de golfe, que retornaria ao programa olímpico após 112 anos, pode ser cancelado devido à debandada de atletas justamente pelo risco de contaminação. 

O jornal nova-ioquirno lembra de uma carta aberta escrita por 150 médicos e cientistas pedindo para que a Olimpíada fosse adiada ou cancelada devido aos riscos com o Aedes aegypt. "No Brasil, essas preocupações geralmente são vistas com deboche. Primeiro, agosto está no meio do inverno, então o tempo será mais frio e seco, o que significa menos mosquitos. Segundo - e mais importante - o vírus parece ser uma problema menor: de acordo com um cálculo, uma mulher no Rio corre dez vezes mais risco de ser estuprada do contaminada por Zika."