Tocha olímpica de 2016 inova ao ganhar cores e movimento

No momento de passar a chama, objeto se transforma

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Por Marcio Dolzan
2 min de leitura

A tocha olímpica dos Jogos do Rio-2016, que viajará o Brasil durante 100 dias no próximo ano, foi concebida em apenas dois meses. Nesse período, a equipe dos designers Gustavo Chelles e Romy Hayashi imergiu na história olímpica e brasileira e desenvolveu 200 conceitos diferentes até chegar ao modelo apresentando em Brasília nesta sexta-feira.

"Esse prazo era relativamente curto. O modelo da tocha tem de ser bem aceito por culturas diferentes", considera Chelles. "A tocha tem de representar muito bem os valores olímpicos, mas também ter a cara do Rio e do Brasil", pondera Beth Lula, diretora de Marcas do Comitê Rio-2016.

 Foto: Arte/Estadão

Beth conta que a escolha pelo modelo vencedor acabou sendo uma tarefa fácil. "Ela foi escolhida por unanimidade. Foi a escolha mais rápida que participei. Tínhamos uma comissão formada por 11 membros, incluindo dois profissionais do mercado. A empresa vencedora conseguiu pegar o traço, a sutileza e nossas formas orgânicas."

O grande diferencial da tocha dos Jogos do Rio-2016 está no momento do "beijo" – quando uma tocha encosta na outra para transmitir a chama olímpica durante o revezamento. Nesse instante, a tocha ganha cores e movimento.

"Como conceito, queríamos algo inovador. A tocha, quando está em repouso, fica fechada e toda branca. Quando acionamos o gás, ela se abre e revela cores que remetem ao País", destaca Gustavo. "Começa com uma cor que remete ao solo do Brasil e ao calçadão de Copacabana, passa pelas ondas do mar do nosso litoral com o azul, vai se esverdeando como nossas matas, e termina com um amarelo que representa tanto o sol quanto o ouro olímpico."

CRIAÇÃOO designer conta que a equipe que cuidou diretamente da confecção do símbolo foi formada por oito profissionais de diferentes áreas, alguns com visão mais técnica. Com 21 anos de mercado, a Chelles e Hayashi atua numa área voltada a eletrodomésticos, utensílios e perfumaria. Produzir a tocha olímpica seria um desafio totalmente diferente – e foi justamente isso que motivou a equipe.

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"A gente recebeu um convite do Comitê Rio-2016 para fazer parte do processo de concorrência. Quando a gente recebeu o convite achou que seria um projeto bem bacana, porque não é o tipo de coisa que a gente costuma fazer. Normalmente a gente tem muita limitação, e esse processo era mais inspiracional", explica Gustavo.

No total, 76 empresas se inscreveram no processo, que começou em maio do ano passado. Trinta delas seguiram para a segunda etapa, quando apresentaram seus portfólios. "Nossa equipe selecionou dez delas", conta Beth. "Elas passaram por uma imersão aqui no Comitê Rio por um dia, quando falamos sobre valores olímpicos e o que representa o movimento da tocha olímpica."

Para chegar ao modelo final, Gustavo revela que cerca de 200 conceitos diferentes foram trabalhados por sua equipe. "Foi bem colaborativo", afirma. Fotos de todas as tochas olímpicas e de competições regionais foram coladas nas paredes para que a dos Jogos do Rio não ficasse parecida.

"Nossa ideia é que ela tivesse expressão de brasilidade, cultura popular, artistas brasileiros. Estudamos iconografia de objetos antigos, do Rio, formas de inovação e tochas do mundo inteiro." O resultado final agradou ao Comitê Rio e à equipe de Gustavo e Hayashi. "Tenho a expectativa que a tocha emocione também às pessoas."