Tradição milenar mantém o fogo olímpico aceso

Cerimônia de acendimento da tocha acontece desde 800 a.C

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Por Redação
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Nada é mais tradicional nas Olimpíadas do que a cerimônia do acendimento da tocha olímpica. O fogo, na Grécia Antiga, era considerado um elemento divino. Na mitologia grega, Prometeu – um titã, filho de Jápeto e irmão de Atlas, Epimeteu e Minoécido – era um defensor da humanidade. Reconhecido por sua astúcia e inteligência, ele roubou o fogo de Héstia e o entregou aos mortais.

Zeus, que temia que os humanos ficassem tão poderosos quanto os deuses, o teria punido, ao prendê-lo a uma rocha por toda a eternidade, enquanto uma grande águia comia o seu fígado, que crescia todos os dias. Isto durou ate que o libertou, substituindo-o centauro Quirón.

Cerimônia da tocha, em Olímpia, traz as tradições gregas para a modernidade Foto: AFP

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Mas a atitude de Prometeu não ficou em vão. Segundo a lenda, foram realizadas corridas de revezamento para celebrar a passagem do fogo para os humanos. Atletas passavam uma tocha entre si até que o vencedor completasse o percurso. O campeão seria o responsável por transportar o fogo até o altar do sacrifício em homenagem a Zeus.

Muitos templos foram criados em toda a Grécia, por volta do século VIII a.C., e neles eram mantidas chamas acesas. Um dos locais sagrados foi a cidade de Olímpia, que era sede de competições esportivas. Em 776 a.C. passaram a ser realizadas competições de quatro em quatro anos para honrar divindades gregas, entre elas o próprio Zeus. 

Estes jogos serviam também para decretar a paz, em um período repleto de guerras entre as cidades gregas. Pouco antes de cada evento, “anunciadores da paz”, como eram chamados os corredores, atravessavam a Grécia para anunciar a “trégua da paz”, encerrando momentaneamente as constantes batalhas, que eram retomadas logo apos os Jogos.

Os mensageiros aproveitavam e convidavam os moradores de cada cidade para irem até Olímpia para acompanhar as disputas e destas forma também aumentar o comercio na região. O primeiro corredor do revezamento a chegar no altar tinha a honra de acender o fogo.

Como ocorreu em 21 de abril passado – e sempre acontece antes dos Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno –, em virtude da Olimpíada do Rio, os gregos acenderam a pira olímpica no altar do templo de Hera, deusa da vida e do casamento. 

 Foto: Arte/Estadão

A chama olímpica é acesa cerca de 100 dias antes do inicio dos Jogos por intermédio dos raios solares para assegurar a pureza. É utilizada uma “skaphia”, uma espécie de espelho, que converge os raios para um determinado ponto. A chama queima durante toda a competição como símbolo de razão, paz e pureza. Os gregos pararam de organizar os Jogos Olímpicos por cerca de mil anos, o revezamento de tochas e o acender da chama também acabou.

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REINÍCIO

Em 1896, quando os Jogos voltaram a ser disputados, na Era Moderna, o Barão de Coubertin tentou manter ao máximo a tradição do acendimento da tocha, mas o evento só foi incorporado novamente à cerimônia nos Jogos em Amsterdã-1928.

O evento, que é organizado atualmente pelo Comitê Olímpico Helênico, com supervisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) reúne um grupo de 29 atrizes caracterizadas de sacerdotisas e 13 dançarinos e acontece às 12 horas (horario da Grécia).  Para evitar que o fogo se apague durante todo o trajeto, várias lanternas são acesas.

Com o fogo aceso, o início do revezamento do fogo olímpico, por tradição, sempre tem início com um atleta grego. Este ano a honraria ficou com o ginasta Lefteris Petrounias, campeão na prova de argolas no Campeonato Mundial de 2015, em Glasgow (ESC). Ele vai ser um grande rival do brasileiro Artur Zaneti, medalha de ouro em Londres-2012, no Rio.

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 Foto: COI/Divulgação

 

Em seguida, um atleta do país sede é destacado para carregar a tocha. Este ano o escolhido foi Giovane Gávio, bicampeão olímpico com a seleção masculina de vôlei em Barcelona-1992 e Atenas-2004.

EMOÇÃO

Giovane também representa o vôlei, um dos esportes de maior destaque do Brasil em Jogos Olímpicos. “Estar no degrau mais alto do pódio, com a medalha de ouro olímpica, é realização pura. Conduzir a tocha na Grécia me faz viver de novo essa sensação”, disse Giovane. “Percorri os 250 metro bem devagar, pois não queria que este momento mágico passasse rápido”, completou o atleta.

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Na sequência, a tocha percorreu 2.234 quilômetros por seis cidades da Grecia, por intermédio de 450 carregadores, até chegar à capital Atenas, de onde ela é transportada até o país-sede dos Jogos Olímpicos de Verão ou de Inverno.

O revezamento foi encerrado no antigo estádio Panathinaiko, em Atenas, que recebeu a primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, em evento que marcou o aniversário de 80 anos do primeiro acendimento da tocha.

VIAGEM

Depois, a chama olímpica foi de avião para Genebra, na Suíça, onde ficou na sede da ONU e depois no Museu do COI, em Lausanne. A tocha desembarcou em Brasília no dia 3 de maio e vem passando pelas mãos de milhares de carregadores, famosos e anônimos, em diversas cidades e pontos turísticos, reunindo uma multidão de espectadores numa celebração regada de muita emoção. Momentos que servem para aumentar cada vez mais a expectativa da população para o início das competições a partir de 5 a 21 de agosto na cidade do Rio de Janeiro. 

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