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Longe de se aposentar, Belfort busca melhores condições no UFC

Veterano brasileiro diz que nova padronização dos uniformes tem falhas e negocia mudanças com dirigentes para melhorar situação

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Por Paulo Favero
Atualização:

Aos 38 anos, Vitor Belfort não cogita uma aposentadoria no UFC. Pelo contrário, ele batalha todo dia para melhorar as condições de trabalho dos atletas e abre negociações com a entidade para tentar reverter situações que ele julga prejudiciais aos atletas. A principal delas é o novo modelo dos uniformes, que padroniza a vestimenta dos lutadores, mas por outro lado afugenta patrocinadores das camisas. “Esse modelo que foi colocado para os uniformes não partiu de conversas com os atletas, porque ninguém ficou feliz, desde quem ganhava muito até quem ganhava pouco. Os patrocinadores pagavam minha conta, meus treinamentos”, reclama Belfort. Ele entende que a padronização se fazia necessária, até porque cada atleta tinha um tipo de marca estampada nas roupas. “Vários lutadores tinham patrocínios com layout feio, apoios de camisinhas, mas o ideal seria o modelo da ATP, pois o tenista pode usar seu tênis, seu uniforme. Poderiam padronizar tamanho, local nos uniformes, algo assim. Queria colocar meu banco, a Sky, as empresas que estão comigo. Ainda acho que a gente vai reverter essa história, pois eu gasto um dinheiro grande com treinamento.”

Vitor Belfort participa de evento do UFC em São Paulo Foto: Daniel Teixeira/Estadão

As novas vestimentas são produzidas pela Reebok e os lutadores passam a receber um valor fixo, de acordo com sua importância no UFC, além de participações nas vendas de seus produtos. De acordo com a tabela de valores, os atletas vão receber pela quantidade de combates no UFC. O valor começa em US$ 2,5 mil para até cinco lutas, aumentam progressivamente, e chegam a US$ 40 mil para os donos de cinturões. “Fui muito criticado minha vida inteira por ser visionário. Desde pequeno sempre pensei que tinha de ser esporte, não só entretenimento. Somos mais de 300 lutadores no UFC, cada um é uma empresa lutando por um salário maior. Nem todo mundo vai ganhar igual. O UFC tenta fazer algo justo para todo mundo, mas não concordo que se invista mais dinheiro em algumas pessoas, pois isso ajuda a alavancar o negócio delas fora do octógono”, diz Belfort. Ele cita como exemplo a lutadora Ronda Rousey, que é a atleta mais bem paga da organização. “Se colocar muito dinheiro na Ronda, é ela quem vai vender mais coisas fora das lutas”, diz. Ele também fica na bronca com a postura de Conor McGregor, o irlandês falastrão que vai enfrentar o brasileiro José Aldo em dezembro pelo cinturão dos penas. “Imagina se todo mundo copiasse o McGregor, o menino em casa tivesse a mesma atitude com o pai e a mãe. Há pouco tempo, as pessoas tinham aversão ao MMA. Então precisamos ter cuidado, temos de olhar para a ética e a moral. O UFC é família, é visto por crianças, pelos pais, pela vovó. Eu entendo que tem de ter o vilão, mas também tem de ter o mocinho, e não estou vendo o UFC investir nele.” Além de buscar melhores condições, Belfort mantém o foco na próxima luta, contra Dan Henderson, no dia 7 de novembro, em São Paulo, no ginásio do Ibirapuera. Na última vez entre eles, o brasileiro nocauteou e tentará novamente vencer para ir em busca do cinturão dos médios.

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