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Deu branco geral

Por Reginaldo Leme
Atualização:

Da Fórmula-1 para a Stock Car, correndo pela 50ª vez no autódromo de Curitiba e ainda sem ter visto um piloto curitibano vencer. A briga no campeonato está apertada e a corrida promete, mas ainda estou ligado no resultado de Mônaco - que valeria um filme com o título “Como jogar fora uma vitória em dez segundos”. O pedido de desculpas da Mercedes perante a mídia mundial foi uma atitude gentil, mas Hamilton tem, no mínimo, metade da culpa pelo erro. Depois de ouvir o que todos os lados tinham a dizer, o raciocínio se torna simples. No momento da entrada do safety car no acidente de Verstappen e Grosjean, a vantagem de Hamilton sobre Rosberg havia alcançado o ponto máximo de 25,7 segundos. Era o que o inglês tinha em mente ao percorrer a subida do Cassino na volta 65 de um total de 78, e ver no telão de frente para a pista os mecânicos da Mercedes e Ferrari se movimentando nos boxes. Isso o levou a imaginar que Rosberg e Vettel fariam a troca para pneus supermacios novos e voltariam à pista bem mais velozes. A vantagem de quase 26 segundos seria suficiente para entrar no box e ainda voltar à frente (o tempo de pit stop girava em torno de 22 segundos). Foi assim que ele entendeu a situação. E assim seria, se a corrida continuasse sob o regime de safety car virtual inicialmente adotado. Os pilotos recebem um sinal eletrônico no volante do carro, passam a ter um limite de velocidade, e as diferenças são mantidas. Porém o diretor de prova, Charlie Whitting, logo entendeu que era caso de um safety car real. Aí a tendência é os carros se reagruparem. Isso fez a vantagem do líder cair para algo em torno de 18 segundos. Número só conhecido depois que os engenheiros refizeram os cálculos após a corrida. Na hora de tomar a decisão, era impossível saber. Segundo a Mercedes, em Mônaco a leitura via GPS não funciona bem. E se a equipe não sabia, muito menos Hamilton. Na dúvida, a primeira iniciativa foi aconselhá-lo a permanecer na pista. Mas o terror deixado por aquela imagem vista no telão levou Hamilton a perguntar para o engenheiro Peter Bonnington se ele tinha certeza de que era a melhor decisão. O receio era de que seus pneus macios de 27 voltas sentissem muito a perda de temperatura andando atrás do safety car. O engenheiro cedeu e Hamilton foi para o box mesmo sem conhecer a diferença naquele momento. Só restava torcer, mas não deu. Eu entendi a expressão de Hamilton, sentado no guard-rail, atrás de Rosberg, então entrevistado pelo mestre de cerimônias Martin Brundle, como a de alguém que tinha plena consciência de sua parte na decisão errada. Outros entenderam que era um teatrinho para jogar a culpa na equipe. A tevê ainda mostrou o chefe de imprensa da FIA, Matteo Bonciani, convencendo Hamilton a voltar para o pódio que ele havia deixado logo depois do hino alemão, sem esperar pelo champanhe, embora seja obrigatório participar da cerimônia de encerramento. O fato é que, mesmo com toda essa coincidência conspirando para que piloto e equipe tomassem uma decisão errada, nada justifica uma parada no box faltando 13 voltas para a bandeirada em uma pista na qual um piloto com a qualidade de Hamilton não teria dificuldade para se manter à frente mesmo que os rivais atacassem com um carro mais veloz. Se ele tivesse se lembrado de como seu ídolo Ayrton Senna segurou Nigel Mansell durante as últimas oito voltas de Mônaco em 1992, com um carro bem mais lento, nem teria pensado em entrar no box. Deu branco geral na equipe das flechas de prata. De volta ao assunto Verstappen. Não quero cometer injustiça com um menino de 17 anos em seu primeiro ano na F-1, mas em seis corridas ele completou apenas três e marcou ponto uma vez. O companheiro de equipe Carlos Sainz Jr, muito menos badalado, já pontuou quatro vezes.  De grande aposta da mídia internacional, Max começa a ser deixado de lado. Por enquanto, o que se tem visto é que ele traz debaixo do macacão o gene de seu pai Jos Verstappen, que correu 107 vezes na F-1 e foi sempre mais conhecido pelos acidentes do que pelos resultados.

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