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Pilotos apostam em malhação para guiar os novos carros na Fórmula 1

Atletas vão à academia a fim de ganhar condicionamento para pilotar monopostos mais velozes e robustos

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Mais velozes e mais fortes. Assim serão os carros da Fórmula 1 nesta temporada, que começa no fim de semana, na Austrália. Para acompanhar os robustos monopostos, os pilotos suaram a camisa nos últimos meses. Do jovem holandês Max Verstappen ao veterano finlandês Kimi Raikkonen, todos deram atenção especial à preparação física, uma consequência direta das mudanças no regulamento técnico que deixaram os carros mais pesados e maiores, e até cinco segundos mais rápidos do que os do ano passado. Bicampeão da F-1, o espanhol Fernando Alonso se concentrou na musculação e intensificou as pedaladas em sua bicicleta. Seu compatriota Carlos Sainz Junior optou pelos treinos de boxe e crossfit para aperfeiçoar força e agilidade. Já o alemão Sebastian Vettel, dono de quatro títulos, voltou a dar atenção ao badminton para melhorar o reflexo. O australiano Daniel Ricciardo, assim como quase todos os rivais, escolheu o treinamento funcional. Em comum, todos se mexeram mais.

Único brasileiro do grid de 2017, Felipe Massa foi além e contratou um personal trainer para acompanhá-lo 24 horas por dia nas 20 etapas do ano. “Estou me exercitando e treinando mais do que nunca. E, como estou com 35 anos, preciso trabalhar ainda mais. É um desafio”, diz o experiente piloto. Toda essa preocupação não é por acaso. Os carros deste ano podem ser até 40 km/h mais velozes nas curvas. E a aceleração da gravidade poderá atingir até 5G em trechos mais rápidos. Essas mudanças técnicas vão exigir mais do coração e dos músculos dos pilotos, principalmente do tronco e do pescoço. “Com os carros mais agressivos, estamos fortalecendo mais o pescoço e fazendo um trabalho cardiovascular intenso”, explica ao Estado o preparador físico de Massa, Alex Azevedo. O pescoço tem atenção especial por sustentar a parte do corpo que fica para fora no carro e recebe a “pancada” do vento. A mesma força da gravidade que balança a cabeça de um lado para o outro, a cada curva, exige um tronco mais forte e coração mais resistente. “A musculatura na região do abdômen e da lombar precisa se fortalecer para aguentar o tranco do carro”, diz Azevedo, que já trabalha com Massa há um ano e meio, mas somente em janeiro passou a fazer a preparação completa do piloto da Williams. Em dez dias, Massa já ganhou 2 kg de massa muscular. Ao mesmo tempo que exige do tronco, a maior velocidade cobra mais do coração. Isso porque o piloto sofre maior força da gravidade no carro, o que dificulta os movimentos. Por consequência, cada ação exige mais esforço, o que causa mais estímulo ao coração. “A frequência cardíaca pode atingir até 200 bpm (batidas por minuto)”. A concentração do atleta precisa ser tão intensa quanto os batimentos cardíacos. “O raciocínio tem de ser muito rápido porque ele precisa controlar o carro, que está a mais de 300 km/h, ao mesmo tempo em que recebe orientações do engenheiro pelo rádio, administra os pneus e presta atenção nos ‘caras’ querendo ultrapassá-lo”, diz o preparador. Para dar conta de todas as ações, Massa faz exercícios inspirados em diferentes técnicas, como crossfit, pilates e funcional. “Fazemos um trabalho multidisciplinar, com parte aeróbica, anaeróbica, força, equilíbrio, coordenação motora, flexibilidade, além de concentração e raciocínio”, explica Azevedo. Como trunfo, o brasileiro conta com a experiência de já ter pilotado carros como esses, com aderência e forças de aceleração semelhantes, no início da sua carreira na F-1.

Infográfico mostra pilotos durante uma prova Foto: Arte/Estadão
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