Força cubana no vôlei chama a atenção em clubes brasileiros

Carcaces e Leal estão em grande fase na Superliga

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Por Paulo Favero
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Dois cubanos estão se destacando no vôlei brasileiro: Leal, do Sada Cruzeiro, que está na final da Superliga Masculina, e Carcaces, do Molico/Nestlé Osasco, semifinalista na Feminina. Eles estudaram na mesma escola em Cuba e coincidentemente acabaram vindo jogar no país que é potência da modalidade. "Estudamos juntos e compartilhamos das mesmas aulas. Desde o início sabíamos que ele seria um jogador muito bom em todos os aspectos. No ano passado assisti à final quando ele foi campeão. Fico feliz ao ver que a equipe dele novamente está na final", diz Carcaces. Ao contrário do amigo, que está no Sada Cruzeiro desde 2012, ela chegou ao Brasil nesta temporada e ainda está em fase de adaptação. Mesmo assim vem mostrando talento no time de Osasco, que nesta sexta-feira, às 22h, enfrenta o Sesi (SP) no segundo duelo da semifinal – no outro lado estão Rexona-Ades (RJ) x Camponesa/Minas (MG), que se encaram nesta quinta às 21h30. "É meu primeiro ano no Brasil e estou me adaptando aos poucos. É uma situação normal porque tenho novas companheiras e um estilo de jogo diferente. Acho que esse processo natural foi facilitado pela forma como fui recebida e isso se traduz no resultado em quadra, pois estamos fortes para essa etapa final da Superliga", continua.

A cubana Kenia Carcaces é um dos destaques do Molico/Nestlé, de Osasco Foto: Cinara Piccolo

Carcaces deixou a mãe e o irmão em Cuba para tentar a sorte em outros países. Estava na Suíça antes de se transferir para o Brasil, disputou a Olimpíada de 2008 e ganhou o ouro no Pan do Rio, em 2007. "Eu gostaria muito de disputar os Jogos de 2016. Tive a oportunidade de participar em 2008, quando perdemos para o Estados Unidos, e fiquei triste porque não conquistamos uma medalha. Gostaria de jogar novamente por Cuba, mas em último caso tenho vontade de ao menos assistir às minhas amigas de time jogando pelo Brasil. Seria uma experiência linda", avisa. Leal, por sua vez, brilhou pela seleção cubana no Mundial de 2010, quando foi eleito o segundo melhor atacante do torneio. Desde então abandonou a seleção e não vê chances para 2016. "Jogar uma Olimpíada é um sonho de qualquer atleta, pois ali se reúnem os melhores. Mas infelizmente não posso jogar por Cuba nem por qualquer outro país", explica o atleta. Ele vive grande fase em Minas Gerais. "É a minha terceira final de Superliga e estou muito feliz por tudo o que nós estamos fazendo. A expectativa é a gente ganhar esse título e vamos fazer de tudo para isso acontecer. Temos grandes chances, mas o Sesi é um time que vem crescendo muito. Vai ser difícil", diz, sobre a decisão de domingo, no Mineirinho. O jogador reflete sobre sua aventura ao País e vê que a mudança lhe fez bem. "Cheguei ao Brasil e não conhecia nada. Foi a primeira vez que saí de Cuba, para jogar como profissional, e o primeiro ano foi muito difícil, por ficar longe da minha família. Mas fui muito bem recebido e todos os jogadores me apoiaram. Agora estou bem adaptado, já conheço Belo Horizonte e considero aqui a minha segunda casa. A comida é muito boa e aqui aprendi a comer mais salada." Os dois cubanos vivem agora a expectativa de conquistar o cobiçado título da Superliga. Leal já está na decisão e espera que o time tenha mais uma vez um bom desempenho. Já Carcaces ainda não sentiu o gostinho de levantar a taça no Brasil, mas sabe que está em um grupo que é um dos favoritos a ser campeão. Ela sabe que o primeiro passo será superar o Sesi na semifinal. "Estamos dando o máximo nesta preparação e penso que isso é fundamental nesta fase do campeonato. Sabemos que será um confronto muito difícil, mas estamos trabalhando para jogarmos nosso melhor e tentarmos uma classificação para a final", completa. Quis o destino que Leal e Carcaces fossem se reencontrar anos depois em outro país. Agora, eles tentam cumprir suas agendas no clubes para, quem sabe, matar a saudade em outro momento. "Infelizmente aqui no Brasil ainda não tivemos contato, é tudo muito corrido. Desejo sorte para ela e seria muito bom para ela, no primeiro ano no Brasil, jogar uma final de Superliga", diz Leal, que também recebe elogios de Carcaces. "Para ter esse sucesso ele passou por um processo longo onde se preparou e se sacrificou. Acredito que temos características de jogo semelhantes porque somos cubanos e formados em um vôlei onde se caracteriza muito pela força e potência. Ele é um jogador completo."

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