Ninguém consegue parar o Cruzeiro no vôlei

Com quatro títulos nas últimas seis temporadas na Superliga, mineiros estão invictos e esperam chegar forte nos playoffs

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Por Nathalia Garcia
3 min de leitura

Em 13 rodadas na edição 2016/2017 da Superliga Masculina, apenas um time não sabe o que é derrota: o Sada Cruzeiro. A equipe mineira não apenas está invicta na fase classificatória, como também só cedeu quatro sets para os adversários – ganhou dez jogos por 3 a 0, dois por 3 a 1 e um por 3 a 2. Os números na temporada impressionam, mas a hegemonia vem de longa data e não se restringe ao território brasileiro.

O Sada Cruzeiro foi finalista das últimas seis edições da Superliga e sagrou-se tetracampeão no ano passado, conquistou também o tricampeonato sul-americano de clubes, o hexa mineiro e mais, a extensa coleção de títulos não para por aí. Fez o que nenhum time da América havia conseguido até então: alcançou o posto de melhor do mundo pela terceira vez. Tudo isso credencia a equipe como favorita em qualquer competição que dispute.

Técnico Marcelo Mendez (centro) está no Cruzeiro desde 2009 e conquistou todos os títulos possíveis Foto: Denny Cesare/Estadão

A composição da fórmula para tal soberania tem diversos ingredientes. No comando do Sada Cruzeiro desde 2009, o argentino Marcelo Mendez está por trás de tantas conquistas. Rigoroso, exige comprometimento e dedicação de seu elenco. E a capacidade técnica do treinador fez o seu nome ganhar força nos bastidores antes da escolha do sucessor de Bernardinho no comando da seleção brasileira masculina.

Dois campeões olímpicos nos Jogos do Rio dão brilho ao Cruzeiro. No elenco desde a temporada 2010/2011, o levantador William tem sua vitoriosa carreira no vôlei nacional entrelaçada ao sucesso do clube mineiro e, aos 37 anos, é um dos pilares do grupo. Já Evandro não tem muito tempo de casa, mas tem provado o seu valor. Estava no Japão quando recebeu a proposta decorrente da saída de Wallace, e achou que era o momento certo de voltar ao País. A visibilidade no ano olímpico foi determinante para a resposta positiva do oposto. 

O êxito do grupo também deve ser compartilhado com os cubanos Simón (central) e Leal (ponteiro). “São jogadores muito completos, que fazem diferença em qualquer time do mundo”, elogia o técnico. 

Marcelo Mendez tem um grupo qualificado e consistente em suas mãos, trunfo que lhe dá liberdade para trabalhar. A mescla entre jogadores consagrados e novatos é uma das filosofias do treinador para garantir a renovação gradual da equipe.

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“A parte técnica dos jogadores experientes com a força da juventude é um equilíbrio muito bom para o time”, afirma. A campanha impecável do Sada Cruzeiro na Superliga é a oportunidade que o treinador precisava para dar rodagem aos jogadores que têm menos experiência na competição. Mas manter a invencibilidade no torneio não está entre as suas preocupações. E o líder argentino projeta: “O mais importante não é ficar invicto, mas preparar-se para chegar bem aos playoffs”. As oito equipes com melhor campanha avançam para as quartas de final.

A soberba passa longe do perfil de Marcelo Mendez. A sua expectativa é de que haja mais equilíbrio entre as equipes na fase mata-mata, especialmente entre os times que contam com elencos estrelados. “Tem muito para acontecer. Sesi, Taubaté e o Campinas estão crescendo. São times que trouxeram jogadores novos e estavam em processo de entrosamento, agora vamos ver o melhor deles”, diz o técnico do Cruzeiro. 

O Sesi ostenta quatro campeões olímpicos no plantel (Bruninho, Lucão, Douglas Souza e Serginho), o Funvic Taubaté soma três (Lucarelli, Wallace e Éder), e o Vôlei Brasil Kirin, sediado em Campinas, tem Maurício Souza como destaque. A distribuição de talentos não depende apenas do poder de investimento das equipes, que se baseiam em um ranking definido pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). 

O método é visto como ultrapassado por Mendez. “Tem de reunir técnicos, diretoria e jogadores e fazer um novo tipo de ranqueamento, que permita uma liga muito equilibrada.” E, apesar de exaltar a qualidade do vôlei brasileiro, ele dispara: “Caiu muito a quantidade de jogadores nos últimos anos”.