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Diálogo intercontinental sobre futebol, com toques de política, economia e cultura.

A campeã do mundo ainda busca sua poção mágica

Edu: Joguinho mequetrefe. Quem já está não vai por o pé e quem precisa por o pé para mostrar alguma coisa, também não põe com medo de uma lesão que definiria uma provável dúvida. Ou seja, foi só uma noite agradável em Sevilha. Ajude, portanto, o Marquês a decidir: Torres ou Villa? Negredo tem chance? Três laterais para sobrar uma vaga no meio? Cazorla ou Mata?

Por Carles Martí (Espanha) e José Eduardo Carvalho (Brasil)
Atualização:

Carles: Talvez seja a proximidade física ou, quem sabe, cultural, mas eu entendi o que o nobre dos Nabos pretendeu deste do jogo: examinar os aspirantes. Pelo menos do time que começou, tentar observar e dar chance aos pretendentes. Obviamente que a questão não era arrebentar porque nem é hora, nem o adversário, ou melhor, sparring, se prestava a isso. A observação era de atitude, capacidade de assimilação tática e posicionamento. E, surpresa, todos os aspirantes aprovaram, para esta ou para as eliminatórias do Eurocopa, então, com ou sem Del Bosque. Se eu fosse Cazorla, ligaria para Londres e pediria para alguém olhar a data de validade do passaporte, porque vai precisar. Já Mata... depende mais do reconhecimento da família Del Bosque aos serviços prestados que, acredito, não vai ser decisiva.

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Edu: E o atacante? Reza brava por Diego Costa? Alguém da família vai dançar?

Carles: Salvo uma fatalidade, Diego vai estar. É o atacante de moda e está nos planos de Del Bosque e de Blatter. Contra a Holanda? Nove falsificado de nome Francesc e Diego Costa no banco. Grandes chances de que neste mundial não vejamos Villa, que nunca faz drama de nada e já está em outra dinâmica, olhando apartamento e escola para as crianças em Nova York. Torres, por mim, não. E acho que Del Bosque vai me ratificar. Negredo, muito provavelmente, principalmente considerando que as condições de Costa, já sob tratamento com a equipe médica da Real Federación Española, não estão cem por cento.

Edu: Vi a torcida sevilhana animada nos 2 a 0 contra Bolívia - se bem que andaluz animado é pleonasmo. E pareceu também que a queixa de Del Bosque por 'faltar brilho nos olhos dos veteranos' surtiu efeito para alguns, como Iniesta e Cesc. Mas ainda tem muita gente criticando todos os dias, ressaltando uma certa falta de perspectiva do time. Hoje mesmo, no intervalo, um correspondente da Agência EFE em entrevista ao SporTV arremeteu contra a Família Del Bosque, fez previsões sombrias sobre a campeã mundial no Brasil e, entre outras coisas, pediu os capitães Xavi e Casillas no banco.

Carles: Por aqui a torcida acabou a temporada tão esgotada e danificada como os próprios atletas. A Copa pinta como um respiro, para torcer com menos intensidade, e isso reflete em não considerar a seleção favorita, porque a maioria entende que existe uma transição. E para isso foi decisivo aquele despertador em forma de 3 a 0 no Maracanã, tem já um ano. Logicamente que a aproximação do torneio vai aumentar a expectativa e se La Roja evoluir adequadamente a confiança vai aumentar e mais com os jornalistas transmitindo diariamente do lugar dos fatos. Apesar da fase e das duas patéticas saídas do gol de Iker na final da Champions, os riscos de que ele não seja o titular são mínimos, principalmente depois da contusão de Valdés. Quanto a Xavi, posso assegurar que começa a Copa como titular. Contudo, na segunda metade da noite plácida de Sevilla, Del Bosque acenou para outra composição, com Iniesta fazendo de Xavi e com muita desenvoltura e prazer e David "El Magode Arguineguín" Silva fazendo de Iniesta. Se não der para Xavi, deve ser essa a formação mais constante. Acho também que Aziplicueta garantiu a viagem ao Brasil. E dependendo da pouco provável melhora das precárias condições físicas de Jordi Alba, Alberto Moreno também pode ter dado um passo importante. Outro que corre o risco de não ir por falta de condições físicas é Jesús Navas. O caso Deulofeu, fica para uma próxima conversa.

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Edu: Serão mais dois joguinhos desse tipo, agora em território ianque, não entendi bem por quê. Mas o verdadeiro time só vamos ver daqui a duas semanas, na Bahia, contra a Holanda, valendo pontos, provavelmente decidindo o grupo. Aí poderemos dizer como será a campeã do mundo nesta Copa - do tique-taca, da transição para um jogo mais direto ou algo híbrido, porque Del Bosque não chega a ser nenhum estrategista mirabolante. Esses testes, como foi o 3 a 0 da Inglaterra em Wembley, sobre o Peru, e como será o do Brasil contra o Panamá, na terça, talvez sejam mais próprios para isso mesmo que você levantou, avaliar atitudes, eventualmente movimentar os músculos. Por aqui, Felipão já acenou que nem vai levar todo mundo para Goiânia e os próprios jogadores assumem o freio de mão puxado.

Carles: Quem é louco de por o pé a esta altura? Acho que todos podemos compreender, e seria uma pena ficar fora por contusão, agora. Tanto que foram justamente os dois laterais espanhóis que começaram o jogo como reservas e excluídos, os que puseram uma maior intensidade. Não vi o jogo de Wembley, mas entendo que, cansados de esperar que a geração dos Gerrard, Lampard e Rooney finalmente saiam do letargo, Hodgson em nome do resto de súditos, começa a encontrar outras colunas mestras, como os goleadores de hoje, Sturridge, Cahill e Jagielka. Com um promissor Oxlade-Chamberlain à espreita. É isso?

Edu: Rooney pareceu estar em um casados-e-solteiros, mas Gerrard assumiu a condição de líder do time e pelo jeito Lampard vai esquentar banco no Brasil. Mas Hodgson, como Del Bosque, visivelmente conteve algum possível exagero e deve na última hora por para jogar garotos como Sterling e Chamberlain, principalmente em sua aventura amazônica contra a Itália. Chamou a atenção também o entusiasmo de Wembley. Desconfio de que o clima de Copa já esteja no ar.

Carles: Por aqui, como sempre, esses ventos tardam um pouco mais em chegar, quem sabe pela proximidade das eleições europeias, questões que não preocupam os britânicos pelo menos até 18 de Setembro, data marcada para o referendum sobre a independência da Escócia. Enquanto isso Camarões, um dos adversários do Brasil perdeu em casa para o Paraguai e os outros dois, Croácia e México jogam amanhã, contra Mali e Equador respectivamente. Felipão está de olho ou isso é tarefa para Parreira?

Edu: Missão do staff, que não é pequeno. Mas acho que até eles sabem que são ensaios estéreis a estas alturas.

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