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Diálogo intercontinental sobre futebol, com toques de política, economia e cultura.

Mais brasileiros na órbita do Barça

Edu: Ao Barça não basta ser líder invicto da Liga das Estrelas, ao que parece. O contratempo contra o Ajax expôs algumas feridas e vejo na imprensa catalã praticamente uma campanha pelo 'Barça que virá'. Ao menos quatro contratações, é isso? Incluindo o goleiro que substituirá Valdés. Os veteranos estão na berlinda, pelo que entendi, especialmente Xavi e Puyol.

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Por Carles Martí (Espanha) e José Eduardo Carvalho (Brasil)
Atualização:

Carles: Entendo que a imprensa blaugrana, mais que a catalã, tem uma bateria de notícias pronta para acalmar as convulsões culés, provocadas em parte pelos dardos envenenados que chegam em massa desde a capital. Enquanto as dúvidas sobre o estilo de jogo eram o único problema, deu para ir levando, mas uma derrota para um time de garotos abriu o debate de forma mais incisiva. Por outro lado tem a contusão de Victor Valdés que antecipou o que se tinha conseguido adiar até o final da temporada. Fala-se muito na volta de Reina, não como substituto propriamente, mas como veterano conhecedor da casa que daria a segurança e o suporte necessários enquanto o jovem goleiro Marc-André ter Stegen, do Borussia Mönchengladbach e da sub-21 alemã, consegue se aclimatar. Existe quem garanta que Ter Stegen já estaria contratado ou pelo menos teria um pré-contrato com o Barça.

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Edu: O ideal poderia ser Courtois, também jovem, e que teria chance de terminar sua graduação em um time de ponta, mas, como ele tem contrato com o Chelsea e joga por um acordo no Atlético, duvido que o magnânimo Mourinho cedesse o belga para o Barça. Na tal relação de quatro possíveis contratados surgiu até mesmo, na sexta-feira, o nome do gerente de operações do Felipão, Luiz Gustavo, hoje no Wolfsburg, depois de ser defenestrado por Pep Guardiola. Não cairia mal no Barça, na função que faziam Yayá Touré e Keita há algum tempo. Seria um bom reserva de Busquets ou compartilharia a posição com ele nos jogos mais complicados. Nessa função de capataz que sabe sair jogando Luis Gustavo é um bom nome, bem mais criativo e eficiente que Alex Song, e tem temperamento bastante cosmopolita, é um jogador maduro e totalmente adaptado ao futebol europeu.

Carles: Provavelmente uma resposta do agente de Luiz Gustavo que até aguentou bastante, pelo menos até a recuperação de Javi Martinez. Confesso que o que eu vi de Luiz Gustavo não me convenceu, apesar de ser um verdadeiro alívio vê-lo na cabeça de área do Brasil no lugar de alguns blocos de cimento, também candidatos à vaga. No terreno das especulações também se fala de Bruno, do Villarreal. Também não me agrada, gosto mais do estilo Koke, mesmo que signifique um maior risco. O colchonero atua mais na função de Xavi. Para dizer a verdade, acho que essa história do meio de campo vai acabar ficando em nada. Já na questão do goleiro, o interesse por Courtois teve uma considerável repercussão por aqui. Certamente o belga construiu uma boa reputação na Liga e o Barcelona seria um destino bem mais conveniente do que recomeçar desde quase zero na Premier. Não que o atual Atlético deixe algo a dever aos dois times, mas claro que conta o status dos clubes no âmbito europeu. Em todo caso, vai ser complicado contar com o consentimento de Mourinho.

Edu: Tem também a questão da zaga, que parece mais urgente, mesmo com a ascensão de Bartra. O problema é que Piqué e Masche fazem uma temporada sofrível e um nome de peso ali não cairia mal, já que Puyol está nas últimas voltas de sua longa corrida. David Luiz, que foi paquerado no início da temporada, caiu definitivamente em desgraça com Mourinho em Stamford Bridge. Nesse caso, o português abriria mão com gosto e se alguém tiver a intenção de contratá-lo a hora é agora. Mas nunca ficou muito claro que David seja o preferido de Tata Martino. E ele teria a concorrência de Hummels e até do belga Verthongen.

Carles: Como já comentamos num post anterior, um dos zagueiros titulares de Felipão teria voltado à órbita do Barça. Obviamente que David tem todas as possibilidades de ser esse nome. É provavelmente uma das prioridades. Hummels, contundido, não volta até janeiro e seria temerário contar com ele para cobrir uma urgência. Segue pululando o nome do dinamarquês Daniel Agger, do Liverpool. A escolha vai depender muito da moral que o Tata tiver no momento que o mercado de inverno abrir. Se conseguir impor a sua opinião, a preferência dele gira em torno de nomes latino-americanos, como o argentino Santiago Vergini, central que já trabalhou com ele no Newell's e atualmente está Boca Junior ou juvenil do próprio, Tiago Casasola, clássico e corpulento e que não seria uma solução para já. Também se fala de Héctor Moreno, internacional por México. O meu palpite é que algo deve mudar mesmo na zaga do Barça até janeiro.

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Edu: E, por fim, tem o ataque. A proposta do entorno de Tata é contratar um centroavante de ofício, mas desde que não exista a exigência de ser titular. Algo que o Barça já fez em outros tempos com Sonny Anderson, com o sueco Larsson e com um dos amigos do Gaúcho, Gudjohnsen. De certa forma foi assim também com David Villa, que chegou para ser titular mas virou uma opção. Seria um jogador de ocasiões, para partidas amarradas, um jogador de segundos tempos. Já li algumas preferências de Tata por atacantes argentinos, mas até em Fred se falou no início da temporada. Mas tudo isso dependeria do aval de Leo Messi, ou estou enganado?

Carles: Se a toda poderosa Adidas não resolver insistir na mudança de endereço do argentino, segue a suspeita de que as decisões dele no Barça vão mais além de escolher o canto do gol adversário onde colocar a bola. Entre as tentativas de centroavante de ofício poderíamos incluir também a passagem de Ibra, de gratas lembranças. Imagino que a comunidade brasileiro-culé acolheria de bom grado Fred, mas ainda vai demorar para Neymar ter a mesma voz e voto que Lionel. E nem sei se é o estilo dele. Mas que não seja por falta de especulação também nessa posição: Robert Lewandowski, Fernando Llorente, Romelu Lukaku, ufa, esses agentes comerciais e seus amigos jornalistas não param.

Edu: Então poderíamos colaborar: que tal uma cartada decisiva que levasse de uma só vez ao Campo Nou Iker Casillas e Sérgio Ramos? Seria como arremessar Florentino aos leões... E enfim algo de realmente novo aconteceria no mercado espanhol. Mas acho que esse tipo de ousadia não consta do manual, né?

Carles: Cairiam como uma luva, mas, olha, se a sua sugestão tem a ver com o ar enrarecido lá na 'casa blanca', fica mais fácil saírem Florentino, Arbeloa e Xabi Alonso que todos os do outro bando. Já é uma verdadeira multidão que não se bica com os três.

 

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