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Diálogo intercontinental sobre futebol, com toques de política, economia e cultura.

Quatro campeões do mundo e só dois lugares na final

Edu: Vitória em segunda marcha e com uma boa dose de preguiça... Só não avisaram o Jordi Alba.

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Por Carles Martí (Espanha) e José Eduardo Carvalho (Brasil)
Atualização:

Carles: Normalmente, com 30 graus na sombra, estamos fazendo a 'siesta'. E ainda mais tendo pela frente esses gigantes africanos. A aposta da Nigéria foi válida, jogar tudo a uma carta, no primeiro tempo e quase sai bem.

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Edu: Sem falar na altíssima umidade.

Carles: Mais da metade desse plantel é mediterrâneo e convivemos bem com a umidade, mas foi visível o desgaste físico. Pelo menos até aqui fizemos pleno, 100%, com vitórias sobre os campeões dos outros três continentes do planeta futebol.

Edu: Acho um risco enfrentar a Itália com essa indulgência no meio de campo e com Busquets sendo responsável por uma larga área de marcação. Nesse sentido, Xabi Alonso fará falta contra a Azzurra, que costuma povoar aquela região.

Carles: Não existe ninguém que faça o papel de Alonso. Javi Martinez tem mais o perfil tático de Busquets. Uma solução possível seria que o Fàbregas acompanhasse, mas acho que Del Bosque confia na posse de bola como opção defensiva.

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Edu: Convenhamos que a hora da verdade na Confecup começa agora.

Carles: Verdade, com os organizadores torcendo para uma final 500 aC. A Espanha disporá sempre de um dia menos que os eventuais adversários para se recuperar. E na quinta-feira, outra vez, Castelão e muito desgaste. Quem for para a final chegará bem mais cansado que o outro finalista, da semi de quarta-feira.

Edu: Já está preparando uma boa desculpa né? Campeão mundial tem esse direito...

Carles: Aaaaa Zé,  vai dizer que não se pensou nisso?

Edu: Em quê? Em cansar a Espanha? E o Brasil ter um dia a mais de descanso? Se fosse o contrário, era o Brasil que poderia dizer que foi prejudicado com a tabela? Hummm, viajou legal hein. Mesmo porque, hoje em dia, em dez jogos, a Espanha ganhará seis ou sete.

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Carles: Busquets e Fàbregas passaram mal antes e durante o jogo. Nos torneios da Oceania, eles costumam introduzir dois breaks extras para que os jogadores possam se reidratar. Mas tudo bem, até prefiro pensar que exista essa capacidade de previsão por aí. Torço por isso, sinceramente. E que Itália você acha que podemos esperar na quinta?

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Edu: A Itália de sempre, mas com um pouco mais de sede, nos dois sentidos: atrás de muita água e de vingança, segundo promessa de Supermário. O jogo também será em Fortaleza. E algumas coisas que Nigéria conseguiu fazer no meio de campo neste jogo podem servir de alerta para o Marquês e de indicação para Prandelli. Os buracos entre a zaga e Busquets por exemplo, que comentamos no início.

Carles: Um risco real, estou de acordo. Agora mesmo, a imprensa espanhola especializada está questionando se contra a Itália pode-se manter o esquema com um só cabeça de área, além de quem vai ser o centroavante: Soldado ou Torres. Uma possibilidade é que se mantenha Busquets como único volante, e mais à frente Iniesta, Xavi, Fàbregas, Silva, e Pedro mais avançado. E no segundo tempo, dependendo do andar da carruagem, acho que entra Torres e não Soldado, que já cumpriu sua função na seleção que foi tirar o peso das costas de 'el niño' para ele poder recuperar a confiança. Foi boi de piranha.

Edu: Sem o 9? É uma marca de Del Bosque. Mas ainda acho que quem vai ser  bem cautelosa será a Itália depois da experiência nefasta da final da Euro/2012, quando buscou o ataque e tomou aquele passeio. Tudo passa pela condição física dos dois jogadores que temperam o jogo da Azzurra, Pirlo e Montolivo. Pode ser um confronto de estratégias, mas pode ser também um duelo físico e aí a 'Roja' pode ter alguma dificuldade.

Carles: Um pouco mais, mas tenha em conta também que a seleção espanhola foi a que mais dosificou energias, claro graças a que tinha Taiti no grupo, mas foi a única das oito seleções a colocar os 23 jogadores para jogar e quase todos por mais de 90 minutos. Para socialistas, nós, sem que nos ouça Rajoy. Outro privilégio de la 'Roja' foi ser a mais vaiada, mais até que os adversários do Brasil. E quinta-feira?

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Edu: Foi só uma homenagem aos mais fracos, tenho certeza. Os grandes sempre geram esse sentimento. E contra o Uruguai a vaia durou três minutos, até Iniesta dar o primeiro drible. Não sei se o torcedor de Fortaleza apoiará a Itália como fez com os simpáticos Taiti e Nigéria. Acho até que a maioria está doida para ver o duelo 500 aC na final. Maracanã, Brasil-Espanha, finalíssima de Copa... Quer mais do que isso? Mas é bom lembrar que a missão do Brasil contra o Uruguai é bem mais complicada, embora possa não parecer. São dois times que jogam da mesma forma, praticamente, com fatores que podem significar algo mais que o futebol dentro de campo: rivalidade histórica, tradição sul-americana, confronto tenso... São muitas nuances. Mas teremos tempo para falar disso.

Carles: Bom, do outro lado, também muitas semelhanças e uma final europeia.

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