Do jeito que vai, a insensibilidade dos dirigentes do futebol brasileiro logo vai ameaçar a primazia do mais insensível dos brasileiros.
A insistência em manter a bola rolando mesmo na fase mais grave da pandemia, com recordes de mortes , UTIs lotadas, falta de medicamento e de oxigênio, é inexplicável.
Não vou nem perder meu tempo com os argumentos utilizados pelos cartolas, pois não precisa ser nenhum especialista para perceber que as medidas tomadas resolvem apenas parcialmente um problema que é amplo e geral.
Mas pergunto qual a vantagem que o futebol paulista leva com tamanha briga para manter a bola rolando.
O Campeonato Paulista, o Paulistão, já virou Bagunção - ou Baguncinha, dependendo do ângulo que se olha.
A credibilidade, a seriedade já foram abaladas.
Já possível perceber, passeando pelas redes sociais, pois os encontros em praças, bares e afins não são indicados, que a imagem da competição está arranhada entre os torcedores.
A impressão é de que os dirigentes só olham para o próprio umbigo, só pensam no próprio bolso e que pelo dinheiro vale tudo.
E que os jogadores são um bando de bobos, pois estão expostos a circular com o vírus para lá e para cá, como mostram os seguidos casos de contaminação, e não tomam posição, mesmo colocando as pessoas com as quais convivem em risco.
Ressalte-se que os atletas ficam entre a cruz e a espada, pois, além de terem de cumprir obrigações e ordens como empregados que são, os de clubes menores sofrem muito mais quando o dinheiro não pinga na conta no fim do mês.
Mas desconfio que a situação chegou a um ponto em que, mesmo com o dinheiro entrando a reboque do cumprimento dos contratos, num aspecto mais amplo todos vão perder.
Em resumo: federação e clubes entraram em um briga em que todos apanham, todos perdem.
PS: e não é só o futebol paulista que fura a bola, como se vê na irritante insistência da CBF em manter os jogos da Copa do Brasil.
Aliás, presidente Rogério Caboclo, os clubes estão (e não estariam) f... não pela paralisação do futebol e sim porque são mal administrados, quando não saqueados.