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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Dinheiro, o maior cabo eleitoral na eleição à presidência da CBF

Repasse financeiro feito pela entidade às federações estaduais facilita o "convencimento''

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Atualização:

Não é muito difícil compreender por que os presidentes de federações estaduais aderirem rapidamente à candidatura de Rogério Caboclo para a presidência da CBF, em sucessão ao no momento afastado Marco Polo Del Nero, a "pedido'' deste. Basta examinar o quanto a entidade nacional passa, ou melhor, repassa, de dinheiro às estaduais. É grana alta, capaz de convencer qualquer dirigente, sobretudo aqueles que comandam as federações mais pobres.

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Os valores podem ser acessados no site da própria CBF. Lá estão os balanços das federações - os últimos referentes ao exercício de 2016 -, que informam o montante destinado a elas em itens como "repasse da CBF", "doações'' e outros.

A Federação Maranhense, por exemplo, a campeã de recebimentos, levou R$ 1,733.905,38 a título de "repasse da CBF''. Mas só conseguiu R$ 50 mil, exatos, em patrocínio. O repasse para Mato Grosso foi de R$ 1.075.837,82. Já em patrocínio, a entidade do centro-oeste obteve bem menos: R$ 444.174,10.

Com tanta generosidade, fica fácil conseguir apoio e voto. Ainda mais se houver a ameaça de "fechamento de torneira'', algo que os opositores do processo eleitoral à la Del Nero garantem ter ocorrido, mas que a CBF nega de pés e mãos juntos.

A última contagem, da manhã desta sexta-feira, indica que 25 das 27 federações assinaram, ou se comprometeram a assinar, apoio à candidatura de Caboclo (a eleição será em 16 ou 17 de abril). Só São Paulo e Rio não aderiram, mas os cariocas ainda podem rever a posição.

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Do jeito que a coisa foi feita, o presidente da Federação Paulista sequer conseguirá registrar sua chapa, pois precisaria da assinatura de pelo menos oito federações. Até poderia obtê-las, para que o pleito tivesse dois postulantes, e depois, na eleição, não contar com os votos de quem "cacifou'' o registro da candidatura. Caboclo, assim, venceria de qualquer jeito. Mas Del Nero nem isso permitiu, por querer candidatura única. Talvez seja o medo de traições, vai saber...

Abaixo, o valor repassado pela CBF às federações em 2016, de acordo com o balanço delas próprias:

Maranhão: R$ 1,73 milhão Paraná: R$ 1,62 milhão Piauí: R$ 1,49 milhão Rondônia: R$ 1,43 milhão Mato Grosso do Sul: R$ 1,38 milhão Amazonas: R$ 1,26 milhão Acre: R$ 1,16 milhão Espirito Santo: R$ 1,12 milhão Mato Grosso: R$ 1,075 milhão Amapá: R$ 1,050 milhão Ceará: R$ 1,050 milhão Tocantins: R$ 1,007 milhão Bahia: R$ 975 mil Minas Gerais: R$ 975 mil Goiás: R$ 975 mil Santa Catarina: R$ 972,8 mil Rio Grande do Norte: R$ 972,7 mil Rio: R$  890 mil

Nos balanços das federações de Alagoas, Distrito Federal, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul, Roraima, Sergipe e São Paulo não foi possível localizar o valor exato do repasse.

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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