A insistentemente delicada situação financeira dos clubes do futebol brasileiro - com uma ou outra exceção -, está sendo discutida no Rio de Janeiro, no segundo encontro de diretores da área. Pelo menos duas dezenas deles debatem em busca de soluções (que evidentemente passam por gestão séria e responsável). Um dos temas do painel são os direitos de transmissão, com ênfase para o Campeonato Brasileiro.
Pelo contrato atual, há sete faixas de remuneração dos clubes da Série A. Flamengo e Corinthians ficam com R$ 170 milhões cada; o São Paulo, com R$ 110 milhões; Palmeiras e Vasco levam R$ 100 milhões; o Santos; R$ 80 milhões. Na faixa a seguir, a de R$ 60 milhões, estão os mineiros Atlético e Cruzeiro, o gaúcho Grêmio e os cariocas Fluminense e Botafogo. Bahia, Vitória, Atlético Paranaense e Vitória têm cota de R$ 35 milhões; e a Chapecoense fica com R$ 23 milhões.
Esses valores têm como base a competição do ano passado e, claro, fica bem longe do pago pelos direitos de transmissão nos principais campeonatos europeus.
Os clubes brasileiros sonham em melhorar os ganhos e há os que defendem tornar mais justa a distribuição do dinheiro. Na Premier League, por exemplo, o campeão recebe cota 1,58 vez maior que o último colocado. Na Bundesliga, essa relação é de 1,28. No Brasil, o primeiro colocado leva 7,4 vezes mais grana do que o último.
Uma proposta de distribuição mais justa, sem deixar de considerar aspectos técnicos e apelo do clube, é a fórmula 40/30/30. Um estudo encabeçado por Pedro Daniel, gerente sênior de consultoria para o mercado esportivo da EY, mostra que a diferença do campeão para o lanterna, com esse formato (40% do valor total dividido igualmente entre os clubes; 30% distribuídos com base no índice de jogos transmitidos e outros 30% de acordo com a posição na disputa) cairia das 7,4 vezes para 2,38 vezes.
É um formato interessante, mas que causará polêmica num futebol em que os dirigentes de clubes só olham para o próprio nariz. Por ele, a cota do Grêmio em 2017 teria sido de R$ 86 milhões, R$ 26 milhões mais do que recebeu. O Cruzeiro teria levado R$ 85 milhões. Mas o Corinthians pegaria apenas R$ 84 milhões e o Flamengo R$ 72 milhões. Ou seja, não vão topar (o blog aposta, pois ainda não tem detalhes do que rolou no encontro).
Mas, seja como for, é sempre bom tais discussões. Até porque elas podem levar a um norte. E quem sabe um dia os clubes aprendam que, unidos, são mais fortes e podem ganhar mais. É o que acontece na Inglaterra e na Alemanha, só para citar dois exemplos.