Fim de julho ou início de agosto. Esta foi a proposta da Federação Gaúcha, que tudo indica será aceita pelos clubes, para a retomada do Campeonato Estadual. É fato que ainda não se pode garantir com precisão quando o futebol voltará aos estádios - vazios a princípio. A pandemia ainda nem chegou ao pico no Brasil e, para quem lida com futebol, é puro exercício de futurologia estabelecer datas. Mas a iniciativa dos gaúchos tem seus méritos.
O maior deles é admitir que ainda vai demorar para que as coisas possam começar a voltar ao normal. É um tapa na cara de vários cartolas que querem ver a bola rolar o quanto antes - já teve até quem defendesse que os jogos poderiam ocorrer a partir de 17 de maio, ou seja, no próximo domingo - e de políticos que, sob o pretexto de que essa seria uma maneira de amenizar a pressão psicológica causada pelo confinamento -, querem desviar o foco de problemas reais que eles não têm capacidade nem vergonha na cara para enfrentar.
A proposta também vai servir de balizamento para outras federações e clubes terem uma ideia do que podem fazer com seus Estaduais, uma vez que todos querem conclui-los, para honrar o compromisso com a detentora dos direitos de transmissão e, claro, colocar o dinheiro total das cotas de TV em suas contas bancárias.
O Rio Grande do Sul também mostra que pode ser preciso fazer adaptações no regulamento, como o abandono do rebaixamento (uma vez que os clubes que cairiam ainda não estavam definidos), mas mantendo o acesso, o que fará com que o Estadual de 2021 tenha dois clubes a mais - 16, em vez de 14.
Não rebaixar em uma situação emergencial como essa é o mais justo, ainda que isso leve a inchaço da competição seguinte, já que também se faz justiça ao manter a promoção de quem lutou para isso, e conseguiu, na segunda divisão.
Retomar os Estaduais somente daqui a dois meses e meio, no mínimo, vai atropelar o Campeonato Brasileiro, que a cada semana que passa fica com prazo mais espremido para ser realizado - desde que com a fórmula atual e com a obrigação de encerramento ainda neste ano. Mas é uma solução sensata.
Sem contar que, no acordo entre federações e clubes, está combinado que o Gaúcho só voltará se houver segurança sanitária, ou seja, com o aval das autoridades da área de saúde. E ainda assim seguirá um rígido protocolo para que o risco aos envolvidos em e com uma partida seja o menor possível.
De tudo o que vem se falando sobre o retorno no futebol no País, finalmente apareceu uma proposta concreta, bem estudada, e sensata.