Foi uma grande decisão, digna dos dois melhores times do Brasil na atualidade.
Decidida nos pênaltis, ou, pegando emprestadas duas expressões do tênis, no tie break, nos match points.
O Palmeiras teve dois a seu favor. Desperdiçou. O Flamengo também não soube aproveitar o seu primeiro.
No segundo, Rodrigo Caio não vacilou.
O título da Supercopa está bem entregue ao Flamengo. Como estaria se estivesse com o Palmeiras.
Cada uma a seu jeito, as duas equipes jogaram muito bem.
O Flamengo tem a atraente, corajosa e superelogiosa veia ofensiva.
É de se exaltar um técnico, que ainda tem muito a evoluir, ter a coragem de colocar um volante na zaga e um meia de volante, privilegiando a qualidade técnica do time, o jogo ofensivo, a busca incessante do gol.
Mas o Flamengo ainda sofre com a vulnerabilidade dessa proposta - que Rogério Ceni tentou consertar na etapa final com a entrada de João Gomes - e precisa desenvolver uma alternativa tática para os momentos em que o adversário o obriga a ser mais precavido.
A proposta de jogo atual faz o clube depender muito dos seus ótimos jogadores. Mas quando alguns deles não estão bem, a coisa complica.
Foi o caso deste domingo, quando Gerson, Everton Ribeiro e Bruno Henrique jogaram mal.
Abel Ferreira tem mais facilidade em fazer alternâncias, para o início e no decorrer da partida.
Na decisão da Supercopa, esperava-se que o Palmeiras marcasse mais atrás, posto que a saída de bola do Flamengo é de bastante qualidade.
Abel fez o contrário. Adiantou a marcação, justamente para impor dificuldade na saída do rubro-negro.
Assim o Palmeiras conseguiu o primeiro gol. Um golaço, ressalte-se.
Ele também agiu bem ao consertar no intervalo a principal falha do time na etapa inicial - a deficiência na marcação dos meias do Flamengo, o que sobrecarregou demais Felipe Melo.
As entradas de Danilo, principalmente, e de Gabriel Menino, corrigiram o problema.
Outro mérito palmeirense na etapa final foi trocar de função com o Flamengo.
O time passou a pressionar, em vez de deixar tal iniciativa com o adversário.
E os cariocas sentem-se bastante desconfortáveis quando são acossados.
Pelas alternativas, o empate do tempo normal acabou refletindo o que ocorreu no gramado do Mané Garrincha.
Pênalti não é loteria, mas detalhes como a qualidade e a condição psicológica do batedor no momento da cobrança e a qualidade dos goleiros podem fazer diferença.
Nesta final da Supercopa, fez a favor do Flamengo.
Mas ficou a impressão de que, se o Flamengo tem melhores jogadores quand0 se analisa o time titular, o Palmeiras tem elenco mais completo e com mais alternativas táticas.
Por isso, devem continuar dando as cartas no futebol brasileiro.