Claro que chama a atenção o fato de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, três brasileiros, estarem nas semifinais da Copa Libertadores. Algo inédito. E perfeitamente natural. Nada mais é que consequência de o trio ter, atualmente, o que há de melhor no futebol sul-americano.
Os três têm os melhores times, os elencos mais completos e financeiramente estão fortes (o Atlético-MG causa calafrios em analistas das finanças dos clubes de futebol por causa de sua alta dívida, mas o fato é que conseguiu boas parcerias para contratar vários reforços de peso e o resultado disso se vê em campo).
E, no futebol, a longo prazo os melhores invariavelmente prevalecem. É o que esta acontecendo agora e o que causa preocupação no futebol sul-americano - a ponto de já haver uma corrente na Conmebol propondo mudanças no regulamento da Libertadores para evitar na marra o domínio brasileiro.
Isso já aconteceu no passado. Quando o São Paulo decidiu a Libertadores de 2005 com o Atlético Paranaense (hoje Athletico) e a de 2006 com o Internacional, a Conmebol deu um jeito de estabelecer que equipes de um mesmo país teriam de se eliminar antes da decisão. E pode voltar agora, talvez já a partir de 2022.
A aflição dos dirigentes sul-americanos, de todos os outros países que não o Brasil, é porque tudo indica que Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG continuarão dominando tecnicamente o futebol do continente por vários anos. Fortes financeiros, podem montar bons e competitivos elencos.
Os argentinos, em contraste, estão perdendo força. Os tradicionais Boca e River, por exemplo, montam times cada vez mais fracos. Os colombianos também estão e enfraquecidos. E os uruguaios não assustam faz bastante tempo.
Do jeito que a coisa anda, se aparecer um quarto time forte no continente a tendência é de que também seja do Brasil. Por pior que esteja a situação, aqui tem mais dinheiro para o futebol. As premiações pagas pela CBF são maiores, os patrocínios também (em relação com os outros países), os jogadores, quando negociados para a Europa e agora para os Estados Unidos, o são por valores maiores do que os de outros países.
Aliás, o futebol brasileiro se tornou um comprador de jogador sul-americano. Argentinos, uruguaios, colombianos, equatorianos... Enfim, não é muito difícil assim trazê-los para cá.
São vários os fatores que levam à supremacia do trio brasileiro. Claro que sempre há o risco de o boom atual se tornar uma bolha que, ao explodir, mandaria o domínio pelos ares. Mas, no momento, nada indica que Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo mudarão de patamar.