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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Libertadores: capacidade do treinador e vontade dos jogadores fizeram a diferença na final

Abel Ferreira é chato, mas é competente e os jogadores confiam nele. Por isso, e pela determinação, o Palmeiras levou a melhor sobre o Flamengo de um técnico limitado.

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Foto do author Almir Leite
Atualização:

O gol que deu ao Palmeiras a Libertadores de 2021 só saiu por causa de uma falha grotesca de Andres  Pereira. Deyverson foi lá e aproveitou. Mas considerando-se os mais de 120 minutos da partida final,  dois aspectos precisam ser destacados: o Palmeiras tem um técnico melhor do que o Flamengo; e o Palmeiras teve mais vontade de ser campeão do que o Flamengo.

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Abel Ferreira, mais uma vez, soube analisar o adversário e armar seu time da melhor maneira de combaté-lo.  Jogou com três zagueiros, sendo um deles o lateral Piquerez, colocou Mayke e Scarpa como alas e um volante, Danilo, com fôlego de leão no time.  E dois caras rápidos na frente, Dudu e Roni.

 

Marcou forte, tirou a velocidade do time do Flamengo e explorou as falhas que todos sabem que os cariocas têm, as avenidas que são as costas de seus laterais.

Abel Ferrera teve bom senso, não fez média e tomou a decisão certa sobre Endrick Foto: Estadão

Foi uma estratégia até simples. Evitar correr riscos e esticar bolas nas costas da defesa adversária. Deu sorte ao fazer o gol cedo, mas foi em uma jogada que ele havia considerado possível.

Só que Renato Portaluppi não soube confrontar as ideias de Abel Não preparou nada novo para seu  time, outra vez mal distribuido em campo, com muitos espaços entre os setores e apostando tudo na qualidade de seus jogadores. Mas eles encontraram um muro defensivo que poucas vezes conseguiram "pular".

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E Renato nada fez. Até para colocar Michael no lugar do omisso Everton Ribeiro (vocês repararam quantas bolas ele perdeu por ficar esperando ela chegar e levar o bote de um palmeirense?) ele demorou. Bruno Henrique foi completamente anulado por Mayke e nada de o técnico buscar uma solução. Gabigol nada fez (sem considerar o gol) e sequer foi cobrado.

Um outro fator, aliás, merece ser notado. Os jogadores do Palmeiras confiam plenamente naquilo que Abel propõe. E executam. Os do Flamengo não têm a mesma confiança no seu treinador.

Ontem, o Flamengo só foi um pouco mais efetivo no jogo quando o próprio Abel exagerou no recuo de seu time, no segundo tempo, e deu espaço para Arrascaeta armar. Fora isso, o Palmeiras, mesmo sem a bola, sempre teve o controle no campo do Centenário.

Outra virtude do Palmeiras foi a determinação. Enquanto o Flamengo parecia se comportar até com  alguma soberba, os palmeirenses dividiam todas as bolas, ocupavam espaços, lutando a cada jogada. Vontade também faz diferença.

E fez. Jogador por jogador, o Flamengo pode ser considerado melhor do que o Palmeiras - o que não quer dizer que o elenco Alviverde não tenha muitas qualidades. Mas dedicação, obediência tática, vontade de vencer muitas vezes são mais importantes do que a técnica e a habilidade.

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É fácil criticar o técnico que perde, ainda mais se esse técnico vem sendo criticado por boa parte da imprensa e da torcida há algum tempo. Mas não se trata disso, e sim da constatação de que já há algum tempo Renato Portaluppi tem falado demais (como sempre fez) e acertado de menos. Não se vê nada diferente em seu trabalho.

Não adianta depois vir falar que o time estava cansado, com jogadores voltando de contusão, que o calendário é desumano, que disputar várias competições ao mesmo tempo é desgastante...

O Palmeiras teve os mesmos problemas. Mas se comportou como um verdadeiro campeão em Montevidéu.

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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