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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Ralf e Jadson não foram dispensados apenas por motivo técnico ou tático

Alto salário do volante e do meia teve peso expressivo na decisão de abrir mão deles

Foto do author Almir Leite
Atualização:

Oficialmente, Ralf e Jadson, após anos de bons serviços prestados ao Corinthians, foram descartados porque não se encaixam no modelo de jogo de Tiago Nunes. Foi o próprio treinador que disse isso, logo de cara - ou seja, em sua chegada.

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Faz sentido. Ralf não é um jogador de sair tocando a bola, de jogar verticalmente, de ajudar a construir jogadas. Jadson já não é aquele bom armador que foi, principalmente, em sua primeira passagem pelo Parque São Jorge. E sua última temporada foi pra lá de apagada, ao contrário da do volante, que fez bons jogos sob o comando de Fabio Carille.

Além disso, todo e qualquer jogador tem seu ciclo em um clube. Um dia, ele acaba. Faz parte do futebol - e de resto, da vida.

Ralf, volante do Corinthians Foto: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

No entanto, eles não foram dispensados apenas por questão técnica e/ou tática. Pesou tanto quanto, ou até mais, a questão financeira.  Ambos representavam uma despesa mensal de cerca de R$ 900 mil.

É simples: o Corinthians terminou 2019 com um déficit estimado em R$ 144 milhões. Quer encerrar este ano de 2020 com um rombo bem menor, de R$ 21 milhões. Para isso, uma das alternativas é reduzir o custo do elenco.

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É uma missão complicada. Pelo planejamento feito pelo departamento financeiro do clube, o ideal seria uma redução mensal da folha de pagamento do futebol entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões. Por isso as dispensas de Ralf e Jadson, a ida de Junior Urso para os EUA, a de Clayson (que se encaixaria com sua rapidez no esquema de Tiago Nunes) para o Bahia...

Tiago Nunes ficou com o ônus das dispensas de dois jogadores que têm história no Corinthians, sobretudo o campeão da Libertadores e do mundo Ralf. Mas a cobrança, não pelo fato de abrir mão da dupla, direito do clube, mas pela maneira como foi feita - no dia da chegada do novo comandante, de maneira curta e grossa, sem nenhuma homenagem e um agradecimento apenas protocolar - também tem de recair sobre a diretoria.

Afinal, esse papo de incompatibilidade técnica e tática é apenas parte da história.

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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