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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Neymar está longe do ocaso na carreira, mas já começa a ser tratado como descartável

Fato de o Paris Saint-Germain não garantir a permanência do brasileiro, que ainda está sob contrato, mostra que ele já não conta com o prestígio que pensa ter

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Foto do author Almir Leite
Atualização:

Neymar tem 30 anos. Já passou da idade em que normalmente os jogadores de futebol alcançam a plenitude. Mas ainda tem muita estrada pela frente, muita lenha para queimar. Até por seu talento, jogar em alto nível por mais alguns anos não deve ser problema para ele. Basta querer.

O problema é que muitas vezes Neymar parece não querer. Por isso, tornou-se um jogador descartável para o Paris Saint-Germain. Pelo clube que há cinco anos foi responsável pela maior negociação da história do futebol, em termos financeiros, para tê-lo.

Hoje, porém, o PSG não o quer mais. Neymar se tornou um estorvo para o clube francês.

Em cinco anos de PSG, Neymar não levou o clube ao título da Liga dos Campeões e está "queimado'' Foto: Estadão

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É fato que ele não foi capaz de entregar a maior encomenda que levou o catariano Nasser al Khelaïfï a desembolsar R$ 820 milhões, em valores da época, a contratá-lo.  Neymar não levou o PSG ao título da Liga dos Campeões.  Em algumas ocasiões foi impedido de ir até o fim da luta por contusões; noutras, como na última Liga, em que teve a companhia de Mbappé e Messi, não fracassou sozinho.

Mas é fato, também, que o comportamento de Neymar levou ao desgaste. Brigas com companheiros de elenco, deboche da torcida, a forçada de barra para voltar ao Barcelona em 2019, a vida louca fora do campo (embora aí se deva ponderar que fora do horário de trabalho e desde que se cumpra todos os compromissos com o clube, entre eles recuperação de contusão, qualquer jogador tem direito de curtir, de se divertir), o nariz quase sempre empinado... tudo isso levou o PSG  a se fartar dele.

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Óbvio que se o tão sonhado troféu da Liga tivesse sido conquistado, tudo isso ficaria em segundo plano. O problema é que não foi.

Por isso, Neymar é hoje um jogador negociável. Mas negociá-lo não é algo simples. Quem tem dinheiro, mesmo se falando nos clubes riçacos da Europa, para pagar ao PSG o valor que ele (ainda) vale e os salários altos que ele (ainda) quer?

Dizem que Neymar não quer sair do PSG, nem de Paris. Talvez ele tenha de ficar porque simplesmente não será resgatado. Por mais paradoxal que pareça, ele não tem mercado.  A não ser que o PSG contribua emprestando-o e pagando parte significativa de seu salário. Ou, o que parece impossível, que ele aceite passar a ganha (muito) menos.

Neymar já demonstrou desejo de ir para os Estados Unidos, onde a vida para quem joga futebol é bem mais suave. Parece ser cedo para isso, embora nada se possa descartar. Até porque, lá, ele daria uma visibilidade que a MLS jamais teve. E voltaria a ser protagonista.

Seja como for, o que se tem hoje é que Neymar  já não é tão fundamental assim. Talvez tenha de abaixar a crina e continuar no PSG como coadjuvante de Mbappé e Messi.

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No horizonte de Neymar, porém, há outra grande possibilidade de ele voltar a ser protagonista: é a Copa do Mundo do Catar. É uma chance e tanto. No entanto, se falhar corre o risco de ter, daqui a alguns anos, um fim de carreira melancólico.  Afinal, muitas vezes o que se faz fora de campo suplanta o brilho que se teve dentro dele.

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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