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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Neymar x Mbappé: o futebol está cheio de criança mimada

Briga entre jogadores é reflexo do ego na lua que ambos têm e mostra que, apesar de estrelas, eles agem como bobocas

Foto do author Almir Leite
Atualização:

Foi mais rápido do que eu imaginava. Depois de tudo que rolou até a renovação de Mbappé com o Paris Saint-Germain, aí incluída a intenção quase explícita do clube em se livrar de Neymar, estava na cara que um viraria a cara para o outro. O pênalti que eu queria bater e o outro bateu é apenas reflexo, público, do clima ruim.

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Ambos têm personalidade forte e, mais do que isso, sempre foram tratados como crianças mimadas, daquelas que gritam e esperneiam quando são contrariadas e que acabam levando os pais a se dobrarem, quando estes deveriam dar a elas um corretivo.

Neymar já quis sair do PSG. Não conseguiu. Não queria mais. Bateu o pé e ficou - claro que seu alto valor de mercado também contribuiu para espantar os pretendentes.

Mbappé e Neymar são dois dos melhores do mundo, mas estão brigando; gol contra para o futebol Foto: Estadão

Mbappé queria ir para o Real Madrid. Não conseguiu. E olha que bateu bastante o pé! Em troca de ficar, os dirigentes do PSG lhe prometeram mundos e fundos. E se sente no direito de cobrar.

Como fica cada vez mais claro que são absolutamente verdadeiras as notícias dando conta de que uma das exigências do francês para permanecer era que o clube desse um bico no brasileiro, é lógico que Neymar não iria aceitar.

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No que, aliás, está certo, posto que não cabe a um empregado mandar na empresa, dizer ao patrão quem ele deve dispensar ou não, embora isso seja muito mais comum do que se pensa - e não só no futebol.

Mbappé quer ser o maior salário, o maior jogador, o queridinho de todos no elenco do PSG. Quer ser amiguinho do peito de Messi - parece até que se acha superior ao argentino; talvez não tenha prestado a atenção no que Lionel fez na carreira -, e sente ciuminho da amizade entre ele e Neymar, construída nos tempos de Barcelona.

E, pelo visto, continua trabalhando para minar o brasileiro.

Sou muito crítico a Neymar - pelo comportamento, não pelo futebol que sabe jogar -, mas creio que nessa ele está certo. Não pode aceitar passivamente ser boicotado por um companheiro, seja ele quem for.

Porém, discordo da maneira como ele reage. Curtir nas redes sociais as críticas que o desafeto recebe é agir como menino mimado. Deixar de procurá-lo em campo quando essa é a melhor alternativa para o time também.

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Deveria tentar resolver internamente com a direção do clube e o treinador e externamente com o futebol que tem capacidade de jogar - e que, diga-se, tem jogado neste início de temporada.

Mbappé também deveria se garantir na bola. Tornar-se o grande astro da companhia enfrentando e vencendo a concorrência interna. Mas, como bom menino mimado, parece não gostar de competir nesse tipo de situação.

Com os dois às turras - sou capaz de apostar que logo dirão que está tudo bem, que a desavença entre eles é coisa apenas dos maldosos malditos da imprensa, mas as aparências não enganarão - quem vai perder é o PSG. Mais uma vez. E o futebol, que vê dois de seus maiores astros agirem como bobocas.

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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