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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Rogério Ceni só terá vida longa no Cruzeiro com respaldo dos cartolas

Treinador já percebeu que o time mineiro está uma bagunça só e pretende mudar muita coisa. Terá apoio dos dirigentes?

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Foto do author Almir Leite
Atualização:

Rogério Ceni nem bem chegou ao Cruzeiro e já falou em sair. Não que pense seriamente nisso. Passará a pensar se não puder dar ao barco o rumo que entende ser coreto e necessário. E isso passa por mudanças profundas no elenco, na mentalidade, na filosofia -e também na forma de atuar de um time que passou os últimos três anos com um outro treinador.

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A declaração que Ceni deu após a humilhante derrota para o Grêmio teve jeitão de blefe. Mas serviu como um recado claro para jogadores e dirigentes. Ele enxerga necessidade de mudar, está lá para mudar e quer mudar.  Do contrário, bye, bye.

Rogério quer renovar a equipe, não só em idade, mas também (e talvez principalmente neste momento) em espírito. Percebeu de cara que jogadores como Fred, Thiago Neves e Robinho estão acomodados. Pior, sentem-se donos do time.  É como se achassem de todos no Cruzeiro, acima e abaixo deles, devessem rezar por sua cartilha.

Rogério Ceni é o técnico do Cruzeiro Foto: Vinnicius Silva / Cruzeiro

Com Ceni, esse papo não cola. Ele sabe que o Cruzeiro não é o Fortaleza, onde fazia o que bem entendia. Mas quando foi contratado, os dirigentes do Cruzeiro lhe prometeram autonomia. Aliás, deram a ele a missão de renovar o grupo para o ano que vem.  Mas a mudança tem de começar agora, para que o time se salve do rebaixamento.

Ceni, porém, não teve ainda o respaldo do grupo. O time levou uma lavada do Internacional, e suas opções de escalação e maneira de jogar a partida que resultou na eliminação da Copa do Brasil foram abertamente criticadas - inclusive por um jogador, Thiago Neves.

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Evidentemente que, nos dias que se seguiram e que foram prévios ao jogo com o Grêmio, Ceni quis fazer o grupo reagir. Não conseguiu. Domingo, o que se viu foi um time apático, de má vontade, descomprometido.

Aí, Ceni deixou claro que ou muda - jogadores e comportamento do grupo  - ou acabará saindo. É o que precisa ser feito, até porque chega um momento em que a renovação é melhor para todo mundo: clube, jogadores que saem e seguem a vida em outro lugar, jogadores que ficam e ganham oportunidade ou renovam a motivação, treinador, comissão técnica, dirigentes...

É aí que talvez esteja o maior risco para Rogério Ceni. Com a cartolagem que comanda o Cruzeiro envolvida em questões policiais, questões "cabeludas'' diga-se, terá ele o respaldo para fazer mudanças?

Da torcida, parece que Rogério tem o apoio - na verdade, os torcedores estão menos com ele e mais contra os medalhões. Resta saber se seus planos serão bancados pela diretoria. Senão, ele voltará logo, logo para Fortaleza. Mas, desta vez, em férias antecipadas.

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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