Antes de mais nada, não dá para passar a mão na cabeça de Ronaldinho Gaúcho. Usar documento falso é crime e deve ser punido na forma da lei do país em que se produziu o delito. Independentemente do motivo, das justificativas/desculpas (no caso em questão, todas pra lá de esfarrapadas), não dá para deixar passar em branco. Mesmo que tenha entrado de gaiato na história.
Dito, ou melhor escrito, isto, está mais do que claro que Ronaldinho já está, antes que qualquer sentença seja proferida, pagando uma conta extra pela fama que têm. O blog não conhece a legislação paraguaia, mas não conceder prisão domiciliar a ele, e ao irmão - cuja fama, diga-se, não é lá muito boa - é um exagero.
Ronaldinho não matou ninguém. Até onde as evidências mostram, também não faz parte de quadrilha de sequestradores, por exemplo. Não é terrorista... Para resumir, não cometeu nenhum crime hediondo.
Ou seja, a Justiça paraguaia poderia perfeitamente conceder a ele o benefício da prisão domiciliar e deixar a vaga na cadeia para alguém que tenha cometido um crime grave.
Nem o argumento do juiz Aguillera de que, solto, Ronaldinho e Assis poderiam fugir do país, acabando com a investigação que poderá descobrir uma teia de crimes cometidos pela turma da Dalia - lavagem de dinheiro, por exemplo -, se sustenta. Não seria difícil vigiá-los e, caso tentassem dar no pé, aí sim trancafiá-los.
O problema é que o Paraguai é um país que tem má fama. É conceito comum de que lá campeia a contrabando, o descaminho, o tráfico, a corrupção. Nós, brasileiros, por exemplo, somos mestres em menosprezá-los e não nos damos ao trabalho de perceber as virtudes do país e da grande maioria de seu povo. Vamos pela galhofa.
Por isso, a impressão que se tem é de que a Justiça paraguaia está aproveitando o caso envolvendo uma pessoa mundialmente famosa e admirada para mostrar que o país é sério, não é complacente com crimes, nem com ninguém.
Se assim for, usar Ronaldinho para isso é injusto. Como é injusto o Paraguai ser avacalhado e desprezado por outros povos.