Jorge Sampaoli está quieto no canto dele e o Santos foi buscá-lo. Acenou com um belo salário e carta branca para montar o time. O argentino topou. O Santos comemorou, sonhando que ele repita na Vila o ótimo trabalho que fez na Universidad de Chile e na própria seleção chilena. Mas o trabalho já começa de maneira equivocada.
O treinador tem o direito de fazer o que pensa na montagem do time. Dentro desse direito, estar preferir um goleiro que saiba jogar com os pés - fundamental no futebol atual para uns, modismo para outros. Mas seria interessante, e sobretudo inteligente, que ele deixasse a empáfia que o caracteriza um pouco de lado e respeitasse os jogadores que encontrou no clube, principalmente aqueles que têm lá uma história que ele não tem (pelo menos ainda).
Deixar Vanderlei, que não sabe jogar com os pés, de lado é grande equívoco. Nos últimos anos, muitos dos bons resultados que o Santos conseguiu foram graças às mãos de Vanderlei. Merece, portanto, ser tratado com respeito.
Não é o que faz Sampaoli. Logo de cara indicou Campanã, goleiro meia-boca do Independiente. Não deu. Agora, quer Everson, o excelente goleiro do Ceará. Vanderlei, para ele, é mero reserva. Ou então, que saia.
Será que a torcida concorda?
Em vez dessa fixação com goleiro, Sampaoli deveria ser preocupar com as carências do elenco do Santos - e com a carência financeira que impede o clube de fazer grandes voos.
Ele pode até se achar supra-sumo. Pode ter até recebido garantias de que terá tempo para trabalhar. Mas, se começar a meter os pés pelas mãos, logo vai receber uma passagem só de ida para Buenos Aires.