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Futebol dentro e fora do campo

Opinião|Superliga naufraga, mas a ambiciosa Uefa também sai arranhada

Torpedeamento ao projeto dos clubes que querem virar donos do espetáculo não significa que a comunidade do futebol ficou ao lado da entidade

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Atualização:

A morte horas depois do nascimento da Superliga Europeia não significa que a Uefa saiu fortalecida do episódio.

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Ao contrário, a entidade ficou bastante arranhada e tudo indica que vai ter de fazer muito mais do que inchar a Liga dos Campeões se quiser evitar nova sublevação daqui a algum tempo.

O projeto dos 12 que se consideram os donos do futebol foi abortado pela pressão geral - de torcedores, jogadores, treinadores, dirigentes que foram excluídos do "clube do bolão" - por ser exdrúxulo, oportunista, elitista.

Porque claramente iria fazer mal para o futebol.

Não porque a comunidade do futebol ficou do lado da Uefa.

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Guardiola criticou fortemente a Uefa por explorar os jogadores pensando só no dinheiro Foto: Estadão

Para a entidade, sobrou uma mensagem clara: precisa parar de pensar só em dinheiro e deixar de sacrificar a principal matéria prima do futebol, o jogador.

As críticas feitas por dois treinadores, Pep Guardiola e Ronald Koeman, vão direto ao ponto.

Condenam a Uefa por criar torneios como a tal Liga das Nações e por inchar outros, como a própria Liga dos Campeões,  de olho apenas no faturamento.

A Uefa não se preocupa, acusam, com o bem-estar dos jogadores.

Faz com que joguem demais, ainda que se estourem ou que baixem de rendimento, para satisfazer interesses financeiros.

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Guardiola citou a contusão de Lewandowski jogando pela seleção polonesa, lesão esta que o tirou do Bayern de Munique na reta final da temporada.

Deu o caso como exemplo do prejuízo técnico e financeiro que jogos fora de hora podem causar para quem paga o salário do jogador, o clube.

Lewa se contundiu em jogo pelas Eliminatórias da Copa de 2022,  ou seja,  jogo relevante para o futebol.

O ponto que o espanhol quer chegar é outro: se o calendário não fosse tão inchado por competições inúteis, jogos de seleção não precisariam ser realizados na reta final da temporada dos clubes.

Seriam deslocados para outros períodos.

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Koeman também foi contundente. Disse que os organizadores do futebol têm de ouvir mais  jogadores e treinadores e os acusou de só pensar em dinheiro.

E afirmou em alto e bom som que isso não pode acontecer.

É fato que os 12 que tentaram virar donos do futebol europeu também só pensam em dinheiro.

Por isso tiveram as caras quebradas e precisaram colocar os rabinhos entre as pernas.

Mas  é bom a Uefa colocar as barbas de molho, deixar a ambição de lado e passar a escutar e a valorizar os profissionais da bola.

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Do contrário, poderá enfrentar nova insurreição.

Desta vez, de quem faz realmente o espetáculo.

Se isso acontecer, esta guerra a entidade irá perder.

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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