Sylvinho chegou ao Corinthians com apenas 11 jogos como treinador. Fez mais 43 e foi colocado na rua. Ficou nove meses no cargo e jamais convenceu. Em nenhum momento teve complacência da torcida, que terminou por derrubá-lo.
Sylvinho caiu no exato momento em que os cerca de 30 mil corintianos que estavam na Neo Química começaram a xingá-lo, revoltados com a virada do Santos. Mas já vinha tropeçando escada abaixo há algum tempo. Nos 43 jogos em que comandou o time, foram raros os momentos de bom futebol. O Corinthians viveu nove meses de lampejos.
O time até era bem certinho na defesa. Mas pecava pela falta de agressividade, de variações táticas, pela falta de movimentação. Isso mesmo após Sylvinho receber reforços.
Ainda assim, Sylvinho, que chegou com a missão de evitar o rebaixamento do Corinthians, conseguiu levar a equipe à Libertadores. Diretamente na fase de grupos.
Mas a falta de um bom futebol sempre pesou sobre Sylvinho. Contribuiu para isso a própria prepotência do treinador. Sempre com ar professoral, dá a entender saber tudo de futebol - e que os outros pouco ou nada sabem.
Era assim nos tempos de auxiliar de Tite na seleção brasileira, quando era levado às entrevistas coletivas e ou responder pergunta feita diretamente a ele ou, como ocorria na maioria da vezes, repassada pelo treinador para evitar que ele servisse apenas como ornamento decorativo à mesa.
Essa prepotência o levou a não ver a necessidade de criar novas alternativas para o time. E a não aceitar pontos de vista diferentes, demonstrando irritação ou fugindo do tema quando confrontado com argumentos que considera desagradável.
Sylvinho é dedicado, trabalhador, quase um obstinado. Mas falta a ele, apesar da longa experiência dentro e fora de campo, em grande parte passada na Europa, vivência como treinador. É inseguro, hesitante, muitas vezes faz a leitura errada durante o jogo. Mas tem dificuldade em admitir as falhas.
Ganhando "casca'', ele tem tudo para se tornar um excelente treinador. Mas precisa fazer um reflexão, ver o que pode/precisa mudar, melhorar, aperfeiçoar.
Mas esse Sylvinho que deixa o Corinthians ainda era um piloto de teco teco no comando de um Boieng, para usar uma comparação comum em décadas passadas. Por isso, não conseguiu se manter.
Em tempo: a diretoria comandada por Duilio Monteiro Alves também merece um belo puxão de orelhas. Se era para trocar de treinador, tivesse feito ao fim da temporada anterior e não com um mês da temporada atual. O Corinthians perdeu um mês, ou mais, e isso pode fazer diferença mais para frente.