Ser campeão estadual não tem muita importância, vale pouco no futebol brasileiro desde pelo menos o início do século.
Mas experimenta perder.
Seja eliminado por um rival ou perca para ele a decisão para ver o que acontece.
Vagner Mancini foi, digamos, a mais recente vítima dessa competição que quase não tem valor.
Perdeu para o Palmeiras e perdeu o emprego no Corinthians.
É fato que o que derrubou Mancini na prática foi o banho de bola que o time levou do Peñarol.
Foi o vexame em Montevidéu que o deixou na beira da ribanceira. O Palmeiras só deu o peteleco que o jogou montanha abaixo.
Mas deu.
A derrota do Corinthians para o maior rival e a consequente eliminação no Campeonato Paulista exemplificam o estrago que o Estadual pode fazer.
Abel Ferreira e Hernán Crespo, os finalistas do Paulistão, não correm o mesmo risco de Mancini.
Quem foi vice-campeão vai continuar a vida, ou seja o trabalho, sem precisar se preocupar em ficar sem emprego.
No entanto, ambos perceberam a importância de ser campeão de uma competição pouco importante.
Por isso deixaram momentaneamente a Libertadores em segundo plano para priorizar a decisão estadual.
Vão jogar com times reservas esta noite pela competição sul-americana.
O foco está nos jogos que farão na quinta-feira e no domingo.
A pressão no Palmeiras é bem menor. O time esteve perto da eliminação na primeira fase, seria até um alívio que tivesse caído.
Como não caiu, e já que deixaram chegar...
Abel agora quer a taça. Para isso, mudou de estratégia.
Vai deixar de escalar o time B ou C no Estadual e colocar em campo os titulares.
Ele ainda desfruta do conforto de, com o bom elenco que tem, poder colocar um ou outra reservo, preservando o títular mais cansado.
Terá um time forte de qualquer maneira.
No São Paulo, Hernán Crespo vive lua de mel com dirigentes, torcida e imprensa, mas sabe que, se não tirar o time da fila de títulos, pode começar a viver um casamento normal.
Não seria justo começar a ser questionado por perder uma decisão para um adversário forte como o Palmeiras.
Mas a vida nem sempre é justa. No futebol então...
Por isso, e ainda que o time não esteja totalmente garantido na Libertadores, ele optou novamente por escalar um time reserva.
Vai fazer o mesmo que fez contra o Rentistas, mesmo ciente de que o Racing seja um adversário bem mais forte e perigoso.
Crespo tem consciência de que o São Paulo precisa desesperadamente levantar uma taça.
E vai fazer de tudo para buscá-la, mesmo que isso possa representar ficar em segundo lugar em seu grupo na Libertadores, o que pode aumentar as dificuldades na fase de mata-mata.
E até ser fatal.
É o preço que tem de pagar por causa de um campeonato que não vale quase nada.