A Venezuela não vai participar do torneio porque não conseguiu comprar passagens aéreas. A informação foi dada pela Federação de Atletismo do país. "Há um mês estamos tentando resolver isso e não conseguimos. Não se pode viajar a parte alguma. Estamos sem passagens", lamentou Wilfredys León, presidente da entidade.
A equipe de atletismo é apenas uma das prejudicadas por uma prática chamada de "raspa tarjetas". A venda de moeda estrangeira é controlada pelo Estado venezuelano desde 2003, que só permite a compra de divisas mediante critérios específicos. Um deles é o de viagens ao exterior. Em uma prática bizarra, pessoas adquirem passagens aéreas sem a real intenção de viajar, mas de adquirir dinheiro forte, já que é preciso comprovar, com o bilhete, a suposta ida ao exterior.
"Fizemos todo o possível, perguntamos na Argentina se poderiam nos emitir passagens de lá e disseram que sim. Mas o problema é que nos custaria uns 5 mil dólares", afirmou León. No câmbio oficial, um dólar custa 6,30 bolívares, mas o preço no mercado paralelo é sete vezes mais alto.
Segundo a Federação Venezuelana, a delegação de 20 atletas que iria ao Sul-Americano esperava conquistar ao menos dez medalhas de ouro. "Nossos atletas estão tristes porque fizeram uma grande preparação. Mas é um problema nacional, não é da Federação". León disse que pediu ajuda ao Ministério do Esporte, considerando até mesmo a possibilidade de fretamento de uma aeronave. A hipótese foi descartada, devido aos altos custos.