Trata-se de uma ilusão. Time grande (caso do Grêmio) não cede tantos atletas num acordo, desde que os considere valiosos e importantes para compor o elenco. Se liberou, é porque não valiam mais a pena, nem pagavam os custos. Muito menos cede assim por um jogador mediano como o Barcos. Nem que fosse um Neymar ou alguém desse calibre, um clube de tradição não se desfaz de profissionais por atacado.
Por outro lado, uma equipe igualmente importante (o Palmeiras) não arremata um grupo de boleiros de um rival dessa maneira. Não contrata sequer de equipes pequenas, como se fazia antigamente. Salvo engano, a última vez que algo parecido aconteceu com o Palmeiras foi no final dos anos 70, ou começo dos 80, quando trouxe um quarteto do Marília (Jorginho, Carlos Alberto, Luís Sílvio e outro de que não me recordo agora).
O Palmeiras não fez um negócio da China. Nem o Grêmio, pois Barcos é um atacante eficiente, mas nenhum superastro. Para o tricolor, compensou para diminuir o elenco e ter menos gente descontente com a reserva. No caso do time paulista, quero ver, daqui a alguns meses, quantos desses cinco ainda estarão sendo utilizados com regularidade.
A saída de Barcos permite algumas interpretações. Uma delas é a de que a política do "bom e barato", tão desastrosa sob a guarda de Mustafá Contursi (que ainda dá as cartas no clube), está de volta. Paulo Nobre herdou dívidas e a saída, aparente, que encontrou para abatê-las foi a de se desfazer de salários altos, como Barcos e Marcos Assunção. O Palmeiras está com caixa baixo.
Também se pode depreender que o Palmeiras já não atraia gente de ponta. Caso do Barcos, que não é nenhum suprassumo, mas sobressaiu num elenco pobre e desmoralizado. Se sentiu valorizado, ensaiou ir embora, pediu aumento, jurou fidelidade e no primeiro aceno remou rumo a novo destino. Ok, se não tinha mais vontade de ficar, melhor mesmo que saísse. Mas não precisava ter dito várias vezes que amava o clube. E infelizmente faltou alguém convencê-lo de que o projeto novo é forte e bom
As primeiras atitudes da nova diretoria provocam impacto, mas não positivo. O torcedor esperava ver anunciadas contratações de peso. Em vez disso, vieram nomes de segunda linha ou moedas de troca. Por isso, o fã alviverde continuará a dividir-se entre esperança e temor. Sentimentos próprios de quem percebe que o tempo passa e uma agremiação tão vitoriosa pode perder o trem da história.
A conferir.