EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

A opção de Ronaldo

Ronaldo foi craque em campo, mas essa é página virada na vida dele. Da mesma forma veloz com que superava zagueiros, deixou para trás uniformes e chuteiras para vestiu o terno de empresário, cartola e agora comentarista. Com sucesso financeiro, sem dúvida, porém com desgaste para a imagem de herói que cultivou com gols e dores.

PUBLICIDADE

Por Antero Greco
Atualização:

O campeão do mundo de ontem ganhou espaço em mídias sociais, nestes dias de protestos gerais, por causa de um vídeo de quase dois anos atrás. Na peça resgatada, tenta justificar os gastos com obras do Mundial sob o argumento de que uma "Copa não se faz com hospitais, mas com estádios". Faou isso na época em que havia sido chamado pelo ex-presidente da CBF para limpar barra dele e assumir cargo no Comitê Organizador.

PUBLICIDADE

Declarações inadequadas e típicas de quem não enxerga o mundo além da atividade que exerce. Postura de quem não consegue sair do círculo em que vive. Lamentei aquela frase, então, mas é preciso dizer que recuperá-la neste momento, como se fosse recente, se mostra ato no mínimo maldoso. Recebi diversos links para o vídeo, sem que nenhum esclarecesse que era velho. Isso é capcioso, para não dizer de má fé.

Ronaldo viu-se obrigado a se defender, e o fez pelo tuíter (meio do qual me afastei por um tempo porque cansei de ataques e insultos). Como a maioria dos que agora percebem que há indignação popular no ar, convenientemente afirmou que concorda com as manifestações, que é contra corrupção, que não tem nada a ver com gastos públicos etc e tal.

Ia bem, até reafirmar confiança no Mundial. "Duvido que nosso país estaria uma vírgula melhor se não tivesse escolhido fazer a Copa de 14." Duvida por quê? O que houve de benefício até agora? O que se vê de concreto (e bota concreto nisso), a não ser estádios com faturamento acima do previsto? Quais mudanças no futebol ocorreram?

Ronaldo esboça aproximação com os anseios do público que o idolatrou, mas a sintonia real é com a cartolagem. Ele acredita nos novos/velhos parceiros. As palavras são da boca pra fora. Se, de fato, a situação o incomodasse, não teria aceitado o convite feito pelo ex-mandachuva da CBF e não estaria até agora ao lado dos dirigentes atuais. Ronaldo fez a opção dele, isso está claro.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.