A reação do senhor que recebeu o comando da CBF de presente, no ocaso da carreira esportiva, revela dois aspectos interessantes e notórios: 1 - os homens públicos (e ser dirigente de futebol tem esse status) daqui não se vexam com gastos feitos apenas para agradar apadrinhados ou correligionários; 2 - brasileiro adora boca-livre, não perde nada que possa sair "na faixa", mesmo que tenha condições de pagar.
Tenho certeza de que a maioria desses dirigentes convidados para a convescote olímpica teria condições de bancar a si próprios. Mas a graça não é botar a mão no bolso e sim receber o convite. Pois se trata de sinal de prestígio, de importância, indício de que o sujeito é imprescindível para abrilhantar o ato. É mostra de intimidade com o poder.
Assim é nesse tipo de viagem, ou mesmo num jantar, numa exposição, numa apresentação musical. O importante é sentir-se VIP. De que adianta o cara nadar em dinheiro, se ninguém graúdo, ou da "alta" como se dizia antigamente, o levar em consideração? Pode comprar iate, mansão, cobertura, carrão; isso valerá menos do que o carimbo de "convidado especial".
Há quem não veja nada de mais nesse tipo de relacionamento. Há políticos, dirigentes, atletas, jornalistas, e tantos outros profissionais, que não se constrangem com convites de qualquer natureza. E sob as mais diversas alegações, algumas (poucas) até justas. Mas no geral o que prevalece é nossa quase atávica quedinha por uma boca-livre.