Logo de cara, um fato que me chamou a atenção, nos últimos dias, foi a volta de Breno ao Brasil. Mas especificamente, ao São Paulo, em que se projetou anos atrás, a ponto de chamar a atenção do Bayern de Munique. Os alemães pagaram, na época, o equivalente a 30 milhões e tantos reais pelo adolescente de 17 anos, bom porte físico e certo talento.
Você sabe que a passagem de Breno no país campeão do mundo foi um desastre, dentro e fora de campo. Jogou pouco, contundiu-se várias vezes, perdeu espaço e a cabeça. O processo de piração desembocou numa bebedeira, que o levou a tocar fogo na casa. Processo, condenação, três anos de prisão e dispensa do Bayern foram as consequências do destempero.
O São Paulo mostrou interesse em repatriá-lo, ainda quando amargava a reclusão. E, tão logo a justiça da Alemanha o liberou, apressou os trâmites para a contratação. Vi a entrevista do rapaz, na apresentação à imprensa, e fiquei convencido de que não se pode negar-lhe nova oportunidade.
Por vários motivos: o primordial é o direito que qualquer homem tem de recuperar-se, de dar a volta por cima, de sair do buraco em que se meteu. No caso de Breno, ajunte-se o fato de que ele pagou pelo erro, pela atitude considerada criminosa. Expiou a falta, saiu limpo.
Eis um exercício de compreensão e tolerância básico. Se alguém cumpre uma pena fica quites com a sociedade. Não pode, portanto, ser estigmatizado pra sempre. Não pode ser marginalizado. A prisão, teoricamente, é um período de recolhimento para quem pisou fora da lei resgatar a honra. Sei, sei, não sou ingênuo a infelizmente não é assim na maioria dos casos.
Pode ser o de Breno. Mostra civilidade e senso de cidadania quem abre portas, literalmente, para ex-detentos. (Há vários programas bacanas aqui no Brasil). O São Paulo fez isso com Breno e não tem pressa de colocá-lo para jogar. Cabe a Breno comprovar, na prática, que superou o passado tumultuado e que, com 25 anos, ainda tem muito para oferecer aos fãs tricolores.
Perseverança e boa sorte.