Zinho é bacana, respeitado e admirado no meio. Como atleta tem currículo impecável e vencedor - no Flamengo, no Palmeiras, no Grêmio, na seleção, no exterior. A carreira foi longa, daquelas que chegam até o sujeito dobrar os 40 anos. Conseguiu isso por se cuidar - atleta responsável. Enfim, exemplo e tem o que contar e mostrar aos jovens profissionais.
Essas qualidades o qualificam para a função? Sim, claro. Mas não garantem de antemão sucesso. Se fosse apenas para lidar com egos, com as manhas e com as espertezas e fraquezas de boleiros, tenho certeza de que Zinho conseguiria tirar de letra. O trabalho, porém, não se limita a colocar em prática o que aprendeu em anos e anos de gramados e concentrações.
Zinho terá de lidar com pressões, jogos de interesses, choques de personalidades. O Flamengo é enorme, uma nação - e com isso os conflitos são permanentes e devastadores. Júnior, alguns anos atrás, e Zico mais recentemente são dois exemplos de ícones flamenguistas engolidos por atitudes nem um pouco enobrecedoras. Resistiram por pouco tempo, antes de jogar a toalha.
Tomara Zinho tenha mais sorte e jogo de cintura, para dobrar desconfianças e interferências. É bem diferente de enfrentar botinadas de zagueiros, xingamentos de torcedores. Se passar por essa prova, abrirá caminho para tornar-se referência na profissão. Caso contrário, não demora muito e a televisão resgatará um aprendiz de comentarista. (Vinha bem, no canal pago. Ainda um tanto tímido, mas com potencial para deslanchar.)