Iziane não é modelo de conduta de freira enclausurada, muito menos uma atleta da categoria de Paula, Hortência, Janeth e outras grandes do basquete brasileiro. Já pisou na bola, quatro anos atrás, quando se recusou a entrar em quadra e bateu de frente com o técnico Paulo Bassul. Por causa daquele episódio, ficou afastada de convocações por muito tempo.
Voltou recentemente, para reforçar o time que disputará os Jogos de Londres. Mas já levou cartão vermelho do comando do grupo (entenda-se Hortência), porque passou umas noites com o namorado no hotel da tropa nacional. Essa atitude feriu as normas, quebrou as regras e, portanto, mereceria punição exemplar, no entendimento da dirigente. Mas mereceria mesmo? Foi tão absurdo isso? Eis a questão.
Iziane estava com o namorado, não tinha saído pra balada nem havia convidado algum desconhecido para fazer-lhe companhia. Cometeu, em minha opinião, no máximo uma doce peraltice com alguém que quer bem. Uma boa conversa de pé de ouvido resolveria tudo. Não era necessária a crise, muito menos a humilhação pública. Ou tem mais coisa por trás dessa história do namorado. E se perdeu uma boa oportunidade de discutir a agressão que muitas vezes representa uma concentração.
Está cheio de moralista por aí que esquece a própria biografia. E também há quem finja ignorar histórias que rolam a respeito da "confraternização universal" que existe nas Vilas Olímpicas. Basta ver as inevitáveis reportagens sobre o consumo de preservativo nesse ambiente descontraído e festivo. Para que seriam, então, os estoques de camisinha? Para brincar de balãozinho de gás? Ora, conta outra.
E Vila Olímpica por acaso não é local de concentração, assim como o hotel em que foi cometido o pecado de Iziane? As pessoas são estimuladas a viver na dissimulação. Por isso, fazem escondido e dão dimensão de falha, deslize, imoralidade a atos naturais.