Cássio, na verdade, não falou por falar. Não tirou a frase do nada; ela foi resposta a uma pergunta, durante entrevista coletiva, esses encontros corriqueiros e de praxe com os jornalistas, e dos quais em geral nada se tira de bom. Partiu para associação simples: se o Corinthians tomou menos gols, então o goleiro é bom.
Meia verdade. Cássio de fato dá conta do recado, e não é de agora. Não o vejo como um extraordinário representante da posição, não está no rol dos melhores camisas 1. Assim como não é cabeça de bagre, nem frangueiro. Passa confiança para os companheiros, com os acertos - e os erros - que todos costumam ter.
Cássio foi decisivo em diversas partidas do Corinthians - para citar uma, o clássico com o Palmeiras, em que defendeu cabeçada que daria o gol da vitória ao rival já nos acréscimos. Mas, em comparação com diversos outros goleiros, trabalha menos por jogo, porque as bolas adversárias custam a chegar. E por quê? Porque os que estão à sua frente o protegem.
Em geral, aparece mais, durante os jogos, goleiro de time com menos consistência defensiva. O que é óbvio. O que importa, porém, é a eficiência do goleiro, quando exigido, tanto faz se muito ou pouco. E nesse quesito não há o que reclamar de Cássio.
O Campeonato Brasileiro deste ano tem mostrado muitos goleiros bons, não só de times que estão na parte de cima - Victor, do Galo, e Grohe, do Grêmio são exemplos - mas também de equipes que estão na parte de baixo da tabela.
Então, assim como Cássio, outros podem considerar-se os melhores. E não estarão a cometer nenhum pecado. Goleiro tem de ter astral lá em cima, às vezes mais até do que autocrítica.