E essa filosofia de trabalho, digamos assim, deu o ar da graça nesta quarta-feira. Menos de 24 horas depois da derrota por 3 a 0 para a Juventus, pela quinta rodada da fase de grupos da Copa dos Campeões, a direção do clube londrino despachou o Roberto Di Matteo. O técnico campeão europeu seis meses atrás foi promovido para o mercado.
O italiano caiu porque a equipe entrou em parafuso. Nas últimas oito apresentações, perdeu quatro (duas no Campeonato Inglês e duas na Uefa Champions League), empatou duas e ganhou duas. No torneio doméstico, está em terceiro lugar, atrás dos dois Manchester, e na competição europeia está com um pé fora da próxima fase. O Shaktar garantiu uma vaga e a outra pode ficar com a Juventus, desde que pelo menos empate na Ucrânia.
O risco evidente de ser eliminado de forma tão precoce na Uefa teria sido a gota d'água para despachar Di Matteo, que pegou a bucha quando o português Andre Villas-Boas foi demitido, ainda na edição anterior da Copa dos Campeões e levou o time ao título. O ex-auxiliar e treinador ganhou projeção com a proeza inédita, mas nunca foi encarado como o profissional com perfil adequado para comandar uma equipe que investe pesado em contratações. Di Matteo teve 62% de aproveitamento de pontos.
O Chelsea sofre do mal dos que têm dinheiro e buscam pedigree: falta de paciência. Como todo novo-rico, tem pressa de obter resultados e status. Se não vêm, trocam-se as peças, compram-se outras. Não é por acaso que, desde que passou ao controle de Abramovich, em 2003, já teve como técnicos Claudio Ranieri, José Mourinho, Avram Grant, Felipão, Guus Hiddink, Carlo Ancelotti, Villas-Boas, Di Matteo. Esquentam pouco o banco.
Agora chamou o espanhol Rafa Benitez, que teve como última grande façanha ganhar o Mundial de Clubes em 2010, com a Inter de Milão, e ser demitido na volta. Por coincidência, voltará ao Japão dentro de algumas semanas, para novo Mundial. Quanto tempo vai segurar o rojão?