Não é por coincidência que os dois alvinegros chegam com astral diferente ao confronto. O estado de espírito dos times - e das respectivas torcidas - tem a ver com postura da cartolagem de cada lado. Uma decidiu bancar suas estrelas, outra assistiu, impotente, à saída de seus principais nomes e de quebra negocia Jucilei, um dos poucos pontos de sustentação que restavam para Tite no meio-campo.
É possível alegar que reagem às perspectivas do mercado e se comportam como empresas preocupadas com o fluxo financeiro. Faz algum sentido. Se tiver sorte e competência, o Santos pode até chegar ao título mundial, no final do ano. O Corinthians no máximo festejará mais uma conquista local e a quinta coroa da Série A nacional. As projeções de ganhos e despesas dos dois lados são bem diferentes, assim como o tamanho de seus investimentos.
A questão principal está na postura e no planejamento. O Santos se virou como pôde para segurar Neymar e Ganso, assim que venceu a Copa do Brasil e se viu confirmado na Libertadores deste ano. Em sua estratégia, a permanência da dupla era fundamental para o sucesso na empreitada. Gastou os tubos para segurá-los e pode pôr mais a mão no bolso, já que Ganso pede aumento.
Mas a diretoria santista não se limitou a cuidar das jovens joias. A base do segundo semestre foi mantida e o clube conseguiu compensar a saída de Robinho e André com o retorno de Elano, com a recuperação de Maikon Leite (ok, deve sair no meio do ano, mas por enquanto dá conta do recado) e com a permanência por mais alguns meses também de Zé Eduardo. Como bônus, o time tem o jovem Alan Patrick a despontar como outro Menino da Vila.
Quer dizer, foram dadas a Adilson condições para mexer na equipe com folga, ofereceram-lhe alternativas. Isso significa que o Santos vá rapar seus concorrentes? Não, pois de antemão ninguém ganha coisa nenhuma. Mas não se pode negar ao Santos a condição de forte candidato no Paulista, na Libertadores e, talvez, no Brasileiro. Depende de si - o que já é grande coisa. E que o treinador faça sua parte, seja atrevido como convém e não apele para cautela desmedida como no jogo com o Tachira, em que se contentou com o 0 a 0 esquálido.
O Corinthians, no entanto, o que fez? Ficou em terceiro lugar no Brasileiro, achou que passaria pela pré-Libertadores com um pé nas costas, não ligou muito para a aposentadoria de William e não se fez de rogado para ceder Elias para o Atlético de Madri. Nessa semana, viu Roberto Carlos pegar o boné, Ronaldo aposentar-se e agora libera Jucilei para a Rússia.
A reposição não ficou à altura, exceto por Liedson e pela fase do goleiro Júlio César. Mas Dentinho e Jorge Henrique são instáveis, Danilo enfrenta resistência d a torcida e Bruno César, revelação em 2010, tem ficado no banco. O que a Fiel pode esperar? Superação, como manda a tradição? Sim, até vitória hoje, porque a camisa tem peso. E muito sufoco no ano.