Divagações do gênero já me cutucavam dias atrás, tão logo o grupo se reuniu para a empreitada mundial. E voltaram com intensidade ontem, na mesma proporção e insistência do mau tempo. Martelaram mais, com angústia, ao ver parte dos jogadores fora das salas de musculação e a tomar água na cacunda.
Não, não duvido da capacidade dos integrantes da Comissão Técnica - expressão que, no caso, abrange de treinador a auxiliares, de massagista a roupeiro, de médicos a fisiologista, de administradores a psicóloga. Sei que há pessoas tarimbadas nesses postos e que botaram a cuca para funcionar durante a fase de elaboração da programação geral.
Torço para que obtenham sucesso - e lhes augurei boa sorte desde o início. Tenho simpatia por quem exerce a profissão com dedicação e prazer. Isso não impede que aflições me ocorram, talvez motivadas por ser leigo, um observador de futebol, não especialista em ciências do esporte.
Minha ignorância me leva a cogitar, por exemplo, se as interrupções causadas pelas condições adversas de temperatura na concentração não emperram certas atividades da seleção. Será que Felipão não se vê obrigado a cancelar treinos, ou a tirar o pé do acelerador, para não desgastar os atletas além da conta? Pra que correr risco de contusão, gripe ou resfriado? Não seria por isso que evita pôr a moçada para correr em campo molhado? No que faz bem. Ao mesmo tempo, há prejuízo com menos contato com a bola?
Às vezes, vem a cisma: como o caminho da seleção indica jogos em locais quentes (como Fortaleza, Brasília e Rio, em eventual final) e amenas (São Paulo, BH), teria sido melhor concentração em sede com condições climáticas próximas às dessas cidades, pelo menos após a largada? Sem contar que tempo cinzento e úmido baixa o astral, deprime. Ou é bom pra ficar quietinho.
Gostaria muito de repassar as questões pra turma da seleção. E ouvir dos entendidos explicações esclarecedoras, tranquilizadoras, que convencessem que tais temores são bobagens sem sentido. Pergunto com zero de ironia.
Infelizmente, o contato com o comando é restrito, a imprensa não pode sugerir nomes para as entrevistas. Fosse assim, ontem pediria para falar com Paulo Paixão, com o doutor Runco ou com Felipão ou Parreira e não com o goleiro Julio Cesar.
Épico. Uruguai 2 x 1 Inglaterra entra para a galeria dos jogos movimentados e emocionantes deste Mundial. Os sul-americanos se superaram na raça e com os gols do atrevido e competente Luiz Suárez (ai, Fred...). Os britânicos caíram de novo, estão a meio passo da eliminação. Só para confirmar a tradição.
*(Minha crônica publicada no Estado de hoje, sexta-feira, dia 20/6/2014.)