A luta estava difícil, e o menino Éder Jofre voltou para o corner no nono round sem conseguir respirar direito. O pai, o velho Kid Jofre, lançou mão da última instrução naquela noite: "Não vá envergonhar sua mãe, que está aqui na plateia!"
A mãe de Éder não estava na plateia do Grand Olympic Auditorium em Los Angeles coisa alguma, mas foi o que mudou o destino que se aproximava no assalto seguinte: voltou para o ringue e derrubou Joe Medel, numa das maiores lutas de todos os tempos.
Era o dia 18 de agosto de 1960.
Quando não precisava apelar, o velho Kid simplesmente gritava do cantinho do ringue: "Bate embaixo, salame!"
E como batia o Éder Jofre: uppers, ganchos, cruzados, jabs e tudo o que você possa imaginar. Tudo isso sem clinches ou qualquer outro tipo de artimanha.
Éder era um lutador puro. Fantástico.
Nascido numa família de lutadores.
A última luta de Éder como profissional foi contra o mexicano Otávio Famoso Gomez, em 1976.
Otávio chegou ao Brasil trazendo um violão e, após os treinos, cantava "La Bamba". A luta prometia e o ginásio do Ibirapuera ficou lotado.
Foi uma luta fantástica. O mexicano era muito bom e deu trabalho a Éder que, aos 40 anos, já não tinha mais o mesmo fôlego.
Vitória por pontos, em 12 assaltos. Merecidíssima.
Mas Éder viu que era a hora de parar de "bater embaixo" - mesmo porque o velho Kid já tinha partido.
Estamos falando de um dos maiores lutadores do mundo, porque hoje, neste 26 de março, ele completa 80 anos.
Parabéns, campeão.