Antero Greco
24 de setembro de 2017 | 14h22
O título desta crônica pode ser contestado, admito. O 1 a 1 entre São Paulo e Corinthians, no final da manhã, no Morumbi, tende a duas leituras para cada um dos lados.
Os são-paulinos podem festejar o ponto conquistado e que, por ora, deixa o time fora da zona de rebaixamento; depende ainda dos demais jogos. Ou podem lamentar a vitória escapada. Afinal, outros dois pontos seriam extraordinários na campanha de recuperação.
Os corintianos ficam aliviados com o resultado, pois a equipe não jogou bem e ainda botou um ponto no bolso e permanece folgada na frente. Ou enxergam outro sinal de desgaste do grupo, num segundo turno até agora com 3 derrotas, 2 vitórias, 1 empate.
O placar reflete virtudes e defeitos de ambos. O São Paulo teve primeiro tempo muito bom, obteve a vantagem com gol de Petros, em bela finalização e com ligeira falha de Cássio, que não acreditou no lance. O tricolor controlou o meio-campo, esteve seguro na defesa.
Nessa fase, criou duas outras boas chances, uma no comecinho e outra no fim. Os mais de 60 mil torcedores que estavam no estádio ficaram com a sensação de sucesso no clássico. Arboleda na zaga e Petros no meio eram o resumo da eficiência.
E o Corinthians apagado, sem graça, sem pegada, com Jadson apagado, Jô sumido, Fagner e Arana sem arranque. Um chute a gol, nada além disso. Cansaço pelo meio da semana? Oscilação normal, ao contrário da trajetória impecável do primeiro turno. Um pouco de cada.
Fábio Carille mexeu no intervalo – e fez bem em tirar Jadson e colocar Marquinhos Gabriel. Não que tenha melhorado demais o Corinthians, mas o tornou mais vivo. O São Paulo voltou igual – na escalação, não na forma de jogar. Diminuiu o ritmo, esperou o adversário, optou pelo contra-ataque, quando deveria buscar o golpe de misericórdia.
Carille fez mais mexidas, com Camacho no lugar de Romero e Clayson na vaga de Gabriel. E foi Cleyson quem fez o gol de empate, em jogada em que Rodriguinho foi mais esperto do que Júnior Tavares. São-paulinos reclamaram de falta, que não houve. Tricolores chiaram também com gol de Militão anulado – mas, no lance, Pratto havia feito falta em Cássio.
O mérito alvinegro na segunda parte foi o de ter jogado, o que não havia feito na primeira. A falha tricolor foi a de ter baixado a guarda justamente quando era melhor do que o rival.
Vejo condições de o São Paulo se safar da queda; há evolução, mas não sequência. Deve sofrer ainda por bom tempo.
Noto o Corinthians no rumo do título. Porém, não de maneira tão implacável como antes. Talvez não leve a taça com muitos pontos de diferença. Mas tem tudo pra levá-la.
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