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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Egídio não é o vilão do Palmeiras

O torcedor do Palmeiras está triste, decepcionado, irritado, perplexo. Não é para menos. Compreende-se o estado de espírito abalado por mais uma decepção num ano que prometia ser glorioso. Depois da queda no Paulista e na Copa do Brasil, e da oscilação no Brasileiro, vem a eliminação na Taça Libertadores. E de forma dolorida: em casa e nos pênaltis.

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Por Antero Greco
Atualização:

Os palestrinos têm minha solidariedade irrestrita neste momento. Esperavam, com toda razão, muito mais de um elenco milionário, montado para "fazer história".

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Sei, também, que nestas horas sempre se buscam culpados. Os bodes expiatórios são necessários para compensar frustração, eles concentram toda a ira, purgam os males. E o jogador a ser sacrificado, para muitos, é Egídio. O lateral já não conta com simpatia ampla e geral, sua presença encontra resistência no público, há quem o queira longe do clube.

Enfim, tudo conspira contra o moço.

Por uma dessas tremendas ironias do destino, eis que ele se apresenta para bater o sexto pênalti na noite desta quarta-feira, depois do 1 a 0 sobre o Barcelona no tempo normal. Corre, mira o canto direito alto, chuta e.... o goleiro defende. 5 a 4 para o time equatoriano, fim de linha para o Palmeiras na edição de 2017 do torneio sul-americano.

Pronto, como um raio surgiu o responsável pela eliminação: Egídio, o vilão, o condenado.

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Repito, entendo o que sentem os alviverdes, estou perto deles de coração, mas discordo. Sempre enalteci a coragem e o profissionalismo de quem não se esconde numa decisão por pênaltis. Por mais que o sujeito seja profissional da bola, também precisa de coragem. E quem se submete a essa pressão enorme revela, em minha opinião, caráter.

Mesmo que erre - e errar é risco constante na vida. Egídio errou, do ponto de vista do lado de cá. Mas o goleiro Banguera teve mérito, sob a ótica de lá. Assim como Jaílson foi impecável ao pegar o pênalti chutado por Diaz. É do jogo.

No trabalho, no dia a dia, na vida cotidiana, quem mais se apresenta está mais sujeito a falhar. Os comedidos, os covardes, os acomodados, os que se escondem nem sempre são criticados, justamente porque se fingem de folha. Os valentes, os disponíveis, os prestativos arcam com consequências de eventuais falhas.

Desta vez, foi Egídio, porque o último a cobrar. Mas, e se Jaílson não tivesse defendido? A série terminaria nos cinco primeiros. Daí, será que Bruno Henrique seria tão cobrado? Talvez, não sabe. O que se sabe é que Egídio é o bode expiatório.

E acho isso injusto e cruel. Culpe-se quem treme ou o chinelinho. Nunca o que se dispõe a encarar a batalha. Dessa forma, exaltamos o medroso e estigmatizamos o corajoso. Não!

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PS. Os erros do Palmeiras ficam para outro post.

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