Imagino que suplício semelhante sentiram os uruguaios que jogaram na noite deste domingo contra a Espanha, na Arena Pernambuco. Do apito inicial aos 49 minutos do segundo tempo, passaram a maior do tempo a ver a bola passear de pé em pé dos atuais bicampeões europeus e campeões mundiais. Um toca pra lá, toca pra cá de endoidecer. Não foi por acaso que os sul-americanos perderam por 2 a 1.
Impressionam o controle de bola e o autrocontrole da antiga Fúria, que agora se chama a Vermelha. Sei que não é novidade, a turma do Vicente Del Bosque faz isso pelo menos desde a Eurocopa de 2008. Mas sempre vale ressaltar a confiança que cada um passa para o outro, como as funções são bem definidas, como há entrosamento e união. Não há como fazer reparos à ação de artistas do futebol.
Sei que às vezes parece monótono. Lembro que na competição europeia do ano passado cheguei a dizer que a Espanha era sonolenta. Admito que foi com uma ponta de dor de cotovelo, diante da altivez daquele time. Comportava-se de forma tão superior aos demais, com tanta certeza de que venceria, que chegava a irritar.
Mas esse é o objetivo: desconcentrar, estontear, minar o adversário. Isso Xavi, Iniesta e colegas fazem com maestria. Há momentos em que parecem desinteressados do jogo, trocam passes como se fosse obrigação enfadonha a cumprir. Até os rivais caírem na pegadinha e relaxarem. De repente, o bote, o lance fatal, o gol. Pedro e Fábregas foram os contemplados com essa tática e fizeram 2 a 0 ainda no primeiro tempo.
Como de praxe, a Espanha botou o oponente nas cordas e se divertiu com aquele interminável toc-toc-toc da bola indo aqui, ali, acolá. Poderia ter aumentado a diferença, pois mesmo nessa toada criou ocasiões de gol no segundo tempo. Não se abalou com as chances desperdiçadas, nem com o gol de Suarez aos 42 minutos. Aquilo não passou de cócegas para despertar no final do jogo.
Os espanhóis, salvo cataclismos que ocorrem no futebol, chegarão à final. De novo.