Esse item a ser analisado pelos congressistas mostra como se pode perder uma oportunidade para repensar o tráfego, pelo menos nas sedes da Copa. Não se fala que competição desse porte serve para deixar benefícios permanentes? Não se vende a todo momento que o "legado" é o desdobramento mais importante dos investimentos feitos na preparação?
Então, em vez de serem colocados em prática planos que interfiram de forma profunda, positiva e duradoura, se apela para a saída mais fácil: feriado. A maioria da população fica desobrigada de trabalhar e, assim, facilita o trânsito para os 30, 40 mil que irão ao estádio.
Vips, não tão Vips, imprensa nacional e gringa, turma da Fifa, turistas não terão motivo para descer a lenha em nossas cidades, a maioria com acessos horríveis, mal sinalizados, malconservados. Todos irão para as arenas (o nome chique para estádios) sem grandes transtornos e, depois da Copa, tudo volta ao normal, sem que tenhamos benefícios.
No caso de São Paulo, me ocorre uma dúvida adicional: para justificar incentivos aqui e ali, para explicar isenções fiscais gigantescas, alguém apresentou cálculo segundo o qual a cidade lucrará R$ 1,5 bilhão com o jogo de abertura! Mas, se houver feriado em plena quinta-feira (dia 12 de junho), quanto perderão indústria e comércio? Quanto custará um dia a menos de produção? Ou dois, já que muita gente vai emendar a sexta, num feriadão?
Ou mais do que dois, já que São Paulo, por exemplo, deverá receber no mínimo meia dúzia de jogos. Será sempre feriado? A conta da Copa será salgada e não precisa ser gênio para saber quem vai pagar.