Esse resultado tem que ser saboreado aos poucos, como convém aos grandes momentos. Primeiro, parabéns ao goleiro Santos, que fez uma defesa inacreditável, impossível, quando o jogo ainda estava empatado e Romero, quase embaixo da trave tocou para o gol. O jogador do Atlético fez uma intervenção de deixar o britânico Gordon Banks com inveja - sim, o goleiro inglês que pegou aquela cabeçada de Pelé, na Copa de 70.
Eram 20 minutos do segundo tempo e o jogo seguia equilibradíssimo. Ficaria 1 a 0 não fosse o goleiro Santos. E o Corinthians fazia uma partida irrepreensível: já não tem Tite no banco, nem Renato Augusto, nem Gil, nem o time campeão do ano passado, mas fazia um jogo veloz, com muita marcação e deslocações que o colocavam em condições de vencer. Parecia que finalmente o técnico Cristóvão Borges tinha achado o sistema tático que justificava a liderança.
Foi nesse clima que Paulo André fez um lançamento na medida para a área, o atacante Pablo passou pela bola iludindo a firme defesa corintiana e então apareceu Walter: dominou a jogada e, quando a bola caiu a sua frente, fuzilou de pé esquerdo. Um a zero, aos 32 minutos.
O Corinthians não se entregou. Continuou buscando o gol de Santos. Teve uma falta perigosa para cobrar aos 41 minutos. No rebote, Lucas Fernando iniciou um contra-ataque fulminante, escapou pela direita e, quando parecia que ia finalizar para o gol, tocou com sabedoria para... Sim, para Walter. Ele tocou de primeira, tirando qualquer chance de defesa para Cássio. Dois a zero.
O resultado deixou o Santos na liderança do campeonato. Muitos dirão que por conta dos gols de Walter. Eu digo que foi pela defesa de cinema de Santos.